O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, reiterou nesta quarta-feira o interesse em uma reaproximação com os Estados Unidos, com a chegada do presidente Joe Biden à Casa Branca. Em evento virtual organizado pelo Conselho Atlântico, o político belga afirmou que, durante o governo de Donald Trump, Washington demonstrou menor compromisso com a parceria transatlântica e que espera que o democrata reverta isso.
Entre as áreas de maior cooperação, Michel destacou o combate aos desafios das mudanças climáticas. Para ele, a volta dos EUA ao Acordo de Paris mostra que a maior potência econômica do globo voltou a ser um aliado na agenda ambiental. "Multilateralismo é mais necessário do que nunca", ressaltou.
O líder do Conselho Europeu reconheceu que há impasses nas relações comerciais e disse que espera conseguir costurar uma solução em relação as disputas da Airbus com a Boeing por subsídios concedidos por autoridades americanas à gigante da aviação com sede em Seattle.
Já sobre o debate a respeito da tributação de serviços digitais, ele reiterou que a União Europeia deseja fechar um acordo no âmbito da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). "A situação atual não é justa", pontuou.
Questionado sobre a rivalidade geopolítica com a Rússia, Michel acusou o Kremlin de atitudes hostis no leste europeu, mas assegurou que as potências europeias não se intimidam com o Kremlin e acrescentou que espera trabalhar com EUA e Reino Unido para lidar com o governo de Vladimir Putin.
O político salientou ainda a intenção da UE de contribuir para o programa Covax, que busca acelerar a distribuição global de vacinas para a covid-19. De acordo com ele, quando tiver doses suficientes para sua população, a Europa deve começar a doar imunizantes para países mais vulneráveis, com especial atenção às nações africanas.