O consórcio formado pelas empreiteiras Odebrecht, Mendes Junior e UTC – todas investigadas pela Operação Lava Jato por suposto envolvimento em denúncias de corrupção da Petrobras – vai demitir mais 1.600 funcionários do canteiro de obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), situado em Itaboraí, na região metropolitana do Rio. Os desligamentos estão planejados para ocorrer até o final deste mês, somando-se aos 300 demitidos já nesta semana. A informação foi confirmada à reportagem pelo próprio consórcio.
Nesta sexta-feira, 09, o canteiro de obras teve o acesso bloqueado e os trabalhos paralisados após uma barricada promovida por funcionários demitidos de outra empresa, a Alusa. Segundo informações do Sindicato dos Trabalhadores Empregados em Empresas de Montagem e Manutenção da Cidade de Itaboraí (Sintramon), os manifestantes reivindicam o pagamento de salários e indenizações atrasados após a empresa enfrentar dificuldades em contratos com a Petrobras na Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco.
Por conta da manifestação, os trabalhadores do consórcio CPPR, formado por Odebrecht, Mendes Junior e UTC, foram dispensados do expediente nesta sexta-feira. Ainda não há a confirmação se haverá expediente também no sábado.
Segundo o consórcio, as demissões previstas para janeiro atendem ao plano de desmobilização do contrato, em função do avanço e conclusão de determinadas frentes de obras. Segundo o consórcio, atualmente 92% das obras referentes ao contrato de construção industrial de tubulações do complexo de refino já foram concluídas. A previsão é manter apenas 300 funcionários atuando nas fases finais do contrato.
Inicialmente, a empresa operava com 2.200 funcionários no canteiro de obras, sendo 600 terceirizados. Nesta semana, já foram desligados 300. Segundo o consórcio, já foram acordados com o sindicato e trabalhadores o pagamento das indenizações e rescisões aos funcionários que estão sendo desligados em função do término das obras.
A Odebrecht também integra outro consórcio, TUC, com as empreiteiras Toyo e UTC, também citadas nas investigações da Operação Lava Jato. De acordo com o sindicato dos trabalhadores, há previsão de demissões de mais 800 funcionários deste consórcio, em função também do término das obras previstas neste contrato.
Audiência
Na próxima quarta-feira, dia 14, uma audiência do Ministério Público do Trabalho de Niterói irá reunir os funcionários, sindicato e representantes da Alusa, empreiteira que tem descumprido medidas judiciais e pagamentos de benefícios aos trabalhadores demitidos. A empresa já demitiu 469 trabalhadores desde novembro e também tem atrasado salários e férias para funcionários ainda na ativa. Por conta dos atrasos, os trabalhadores bloquearam o acesso ao complexo nesta sexta-feira.
A empresa descumpriu acordo de dezembro em que previa o pagamento de uma última parcela de benefícios no final do último mês. Os trabalhadores informam que o canteiro de obras da empresa no Comperj passou a semana fechado em função das dificuldades da construtora.
Segundo a Alusa, o não cumprimento deve-se ao bloqueio de suas contas pela Justiça do Trabalho de Ipojuca, em Pernambuco, onde tramitam ações referentes às demissões de 4.600 funcionários da empresa alocados nas obras da Refinaria Abreu e Lima (Rnest). A empresa, entretanto, nega que haja abandono dos contratos no Comperj.