Estadão

Corte prematuro em juros poderia travar progressos no combate à inflação, diz diretora do Fed

Diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Lisa Cook alertou nesta segunda-feira, 25, que um relaxamento monetário prematuro poderia permitir que a inflação acima da meta de 2% se incorpore à economia dos Estados Unidos e, dessa forma, travar os progressos recentes em direção à estabilidade de preços. "Em última análise, isso exigiria uma política monetária mais restritiva para arrancar da economia a inflação mais persistente, com um custo potencialmente elevado para o emprego", advertiu, em discurso durante evento na Universidade de Harvard.

Por outro lado, a dirigente reconheceu que um afrouxamento tardio poderia causar prejuízos desnecessários à atividade econômica.

Segundo ela, o processo de desinflação tem sido acidentado e irregular, conforme já era esperado.

"Mas uma abordagem cuidadosa a novos ajustes políticos pode garantir que a inflação regressará de forma sustentável a 2%, ao mesmo tempo que trabalha para manter o mercado de trabalho forte", destacou ela, que vê riscos para inflação e emprego como "mais equilibrados".

<b>Inflação de serviços</b>

A diretora do Federal Reserve afirmou ainda que a inflação de serviços de habitação nos Estados Unidos permanece "bem alta", mas ponderou que o ritmo lento de avanço nas taxas de novos alugueis sugere que esse segmento inflacionário continuará arrefecendo à frente.

Lisa Cook acrescentou que os preços do núcleo de serviços sem habitação não subiram tanto quanto os de bens, mas também tem tido baixa mais vagarosa.

"Dado que os preços dos serviços tendem a ser ajustados com menos frequência do que os preços dos bens, também pode acontecer que alguns preços ainda estejam a ajustar-se ao aumento dos custos dos fatores de produção durante a pandemia", explicou a diretora.

<b>Esfriamento do crescimento salarial e normalização do mercado de trabalho</b>

Lisa Cook disse ainda que diversas métricas apontam para o esfriamento do crescimento salarial nos Estados Unidos. A dirigente também afirmou ver sinais de normalização do mercado de trabalho norte-americano.

Ela explicou que o elevado aumento dos salários representa uma tentativa de compensar a escalada da inflação em anos anteriores. Se isso causará mais pressão de alta nos preços, dependerá do comportamento da produtividade e das margens de lucros das empresas, de acordo com ela. "Se o crescimento da produtividade for forte, isto é, se for possível produzir mais produtos com menos fatores de produção, um ritmo mais rápido de crescimento salarial não precisa de ser inflacionário", explicou.

<b>IA</b>

A dirigente citou a inteligência artificial como uma potencial fonte significativa de crescimento da produtividade, embora esse impulso deva demorar algum tempo a se concretizar.

"Sabemos pela história econômica que o pleno benefício de uma nova tecnologia requer investimentos complementares, bem como mudanças na estrutura empresarial, nas práticas de gestão e na formação dos trabalhadores", comentou Lisa Cook.

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