A CPI que apura denúncias de irregularidades no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) aprovou nesta terça-feira, 23, a convocação de uma série de empresários do ramo automobilístico, do sistema bancário e da área da comunicação. Entre os convocados para prestar esclarecimentos estão os presidentes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), da Ford e da Mitsubishi. Representantes do Banco Santander e do grupo RBS, afiliada da Rede Globo no Rio Grande do Sul, também foram chamados a depor na comissão. Ao todo, 13 requerimentos foram aprovados.
A justificativa para chamar Luiz Moan Yabiku Junior, da Anfavea, e os gestores da Ford e da Mitsubishi é que essas empresas teriam participado do esquema de corrupção investigado na Operação Zelotes. No caso da Anfavea, a associação é acusada de causar uma perda de R$ 6 bilhões aos cofres públicos.
O vice-presidente do Santander, Marcos Madureira, e o diretor executivo da RBS, Eduardo Sirotsky, também foram convocados a dar explicações. Segundo relatórios da Polícia Federal, as duas empresas também teriam participado do esquema. Foram convocados ainda quatro ex-conselheiros e o ex-presidente do órgão Lutero Fernandes do Nascimento, suspeito de atuar para beneficiar o Banco Safra.
Última instância administrativa a que os contribuintes podem recorrer contra decisões da Receita, o Carf teve suas atividades interrompidas em março, por causa das investigações da Polícia Federal que descobriu a existência, no órgão, de uma articulação criminosa para anular ou reduzir multas aplicadas a empresas. A Operação Zelotes descobriu fraudes bilionárias em favor de grandes empresas. Nas apurações iniciais, a polícia identificou perdas de cerca de R$ 6 bilhões para a Receita Federal. O esquema de propinas e de tráfico de influência entre conselheiros do Carf pode ter causado prejuízos de mais de R$ 19 bilhões.