Os juros, porém, não sofreram qualquer tipo de alteração. Permanecem em 2,64% ao mês, ou cerca de 32% ao ano. Antes de contrair qualquer empréstimo, faça uma projeção de suas parcelas, ainda mais no caso do empréstimo consignado, que tem descontos na fonte, sem a opção de você deixar de pagar esse ou aquele mês. Não se assuste com o resultado da calculadora, porque o valor pago ao banco será bem maior do que aquele que você emprestou. Isso é tão previsível quanto o resultado da soma de 2 mais 2.
Não quero parecer repetitivo, mas meu conselho segue sendo o mesmo: fuja do crédito consignado, a não ser que precise do dinheiro para um momento de crise.
Se você pretende adquirir algum bem material de valor, tenha um pouco mais de paciência. Ao invés de pagar juros escorchantes, aplicados diretamente sobre as prestações descontadas no holerite, tente fazer economias em aplicações de renda fixa ou variável.
Lembre-se sempre que ninguém é bonzinho quando o assunto é dinheiro. No empréstimo consignado, não há como impedir o banco de descontar a parcela de seu pagamento. Se você ganha um salário mínimo, isso pode ser perigoso. Em um mês mais apertado, pode faltar dinheiro no bolso. Qual será a saída? Emprestar mais, seja de um amigo ou parente, ou voltar ao banco para conversar com o gerente. Aí o desfalque em suas finanças pode virar uma bola de neve.
Muita gente que contraiu esses empréstimos teve de suar a camisa para pagá-los. E, em alguns casos, o 13º salário terminou sendo a salvação da lavoura. Para se ter uma idéia da dimensão do negócio, saiba que nos últimos quatro anos já foram emprestados mais de R$ 30 bilhões a aposentados e pensionistas.
Crédito bom é oferecido a juros compatíveis e se destina a gerar negócios. E se torna perigoso quando utilizado somente para o consumo. A melhor alternativa para quem pretende adquirir um bem é sentar na cadeira e esperar pelo rendimento. O lema é “primeiro poupar e depois consumir”.
Tente também guardar mensalmente o valor exato da prestação de um empréstimo consignado. Quando decidir tirar o dinheiro, você vai se surpreender com a diferença entre seus rendimentos e aquilo que você pagaria de juros se tivesse optado pelo empréstimo no sistema financeiro. É uma operação mais lenta, mas que oferece segurança a todos os envolvidos. Não seja ingênuo de pensar que está fazendo um negocião com o banco. É apenas ilusão.
* Milton Dallari é consultor empresarial, engenheiro, advogado e presidente da Associação dos Aposentados da Fundação Cesp. O e-mail para contato é o [email protected].