Economia

Crédito cresce mais rápido que o PIB há mais de uma década, diz Portugal

Embora tenha exibido crescimento mais tímido nos últimos anos, o crédito há mais de uma década avança mais rápido do que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, disse o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal. “Hoje, o crédito bancário ao setor privado superou os R$ 3 trilhões e equivale a 55% do PIB”, destacou ele, na abertura do CIAB 2015, evento voltado para tecnologia e inovação bancária.

Segundo Portugal, em 2003, o crédito bancário às empresas e às famílias totalizava pouco mais de R$ 300 bilhões, o equivalente a quase 25% do PIB. Ele citou ainda o fato de a população bancarizada ter crescido há dez anos ao ritmo de 8% ao ano. “Hoje, seis em cada dez brasileiros – e brasileiras -, movimentam contas bancárias. Outros dois em cada dez utilizam com alguma regularidade algum dos diversos serviços oferecidos pelos bancos”, destacou Portugal.

De acordo com ele, a taxa de bancarização no Brasil, impulsionada pela tecnologia, alcança os 60% da população economicamente ativa, patamar similar a outros países de mercados emergentes, mas ainda bem abaixo dos 96%, 97%, observados nos Estados Unidos ou na Alemanha.

Isso significa, na avaliação de Portugal, um grande potencial de expansão sustentada nos próximos anos. “Os bancos brasileiros puderam fazer esta expansão de forma sólida e segura, porque são bem capitalizados, líquidos, bem provisionados e, por isso, resistentes a choques”, ressaltou.

O capital médio total do sistema bancário, segundo Portugal, é 16,7% dos ativos ponderados pelo risco. O capital de melhor qualidade, o Capital Principal de Basileia 3, representa 12,3% dos ativos ponderados pelo risco.

Portugal afirmou ainda que os ativos líquidos e de alta qualidade representam 202% dos passivos de curto prazo. Conforme ele, os ativos líquidos de alta qualidade somam R$ 641 bilhões, cerca de 75% dos quais sob a forma de títulos do governo. “Adicionalmente a estes recursos, os bancos possuem reservas depositadas compulsoriamente no Banco Central, que representam 7% dos ativos totais”, lembrou o presidente da Febraban.

Ele acrescentou ainda que a manutenção de baixos índices de inadimplência é uma indicação de que a expansão do crédito vem acontecendo de forma saudável. O índice de calotes, conforme ele, é de 3%, sendo 2,3% no caso de empréstimos a empresas e 3,7% a consumidores. Já as provisões são quase o dobro dos empréstimos em atraso, alcançando 5% da carteira de empréstimos.

“O setor bancário brasileiro é bastante resistente a choques. O Banco Central do Brasil conduz regularmente testes de estresse para avaliar a solidez dos bancos brasileiros. Caso os empréstimos em atraso aumentassem quase 5 vezes o seu nível atual, atingindo 14,2%, o aumento de capital que seria necessário no sistema seria de apenas 3,7%”, concluiu Portugal.

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