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Criado há 135 anos, Campo de Santana é tombado pelo Iphan no Rio

Criado há 135 anos por d. Pedro II, o Campo de Santana, maior área verde do centro do Rio, foi tombado novamente nesta quinta-feira, 11, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O parque chegou a ser protegido de 1938 a 1943, quando foi destombado e teve o espaço reduzido em 20% para a abertura da Avenida Presidente Vargas. Desde então, convive com abandono e insegurança.

A decisão foi tomada pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural e comemorada pelo gestor do campo, Aurélio Rocha, que recebeu a notícia pela reportagem do Estado: “Esse tombamento é muito importante para que o Campo de Santana continue sendo como é, porque sempre podem surgir ideias para modificá-lo”, disse.

Cercado, o parque, em estilo romântico e hoje com 122 mil metros quadrados, foi projeto do paisagista francês Auguste Marie Glaziou, que misturou referências de jardins ingleses. Diretor de Parques e Jardins da Casa Imperial, Glaziou foi autor também do jardim da Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão (zona norte), onde morava a família imperial.

Nos séculos 19 e 20, o Campo de Santana foi cenário de celebrações cívicas da capital do Império e do País, como as realizadas em decorrência da abolição da escravidão, em 1888. Um ano depois, a república seria proclamada perto dali.

Atualmente, apesar de estar bem tratado, ter estação de metrô e trem quase na porta e ser bem servido de linhas de ônibus, segue subutilizado como área de lazer. A frequência é estimada em 100 mil pessoas por mês, mas a maioria delas o utilizam como passagem (são quatro portões) ou local para descanso entre uma tarefa e outra. Os animais encantam as poucas crianças que circulam. São mais de 500 cotias, quatro casais de pavão, micos, gatos e patos.

Antes da construção, a região era um descampado usado pela população de rua. D. Pedro resolveu urbanizá-lo. A seu redor, ficavam a Câmara Municipal e o Senado. Por ficar no centro, área tradicionalmente ocupada por pessoas sem lar ou que não voltam para casa todo dia, sempre esteve associado à mendicância e à insegurança. Dos anos 1980 para cá, o abandono se intensificou.

“Aqui acontece de tudo. Hoje tem PMs a cavalo, mas nem sempre é assim”, contou um funcionário, que pediu para não ser identificado. Segundo a administração, desde janeiro não são registrados assaltos dentro do parque, que fecha às 17 horas, quando começa a escurecer.

“O Campo de Santana está sendo revitalizado. As raízes das árvores vinham sendo usadas como banheiro público e foram atacadas por fungos. Nos últimos 30 anos, o parque perdeu muitas árvores, figueiras microcarpas e palmeiras imperiais que eram da época da inauguração”, disse o gestor. Com uma gruta recém-revitalizada, lagos, ponte, chafariz e fonte, o Campo de Santana conta 600 árvores de 85 espécies.

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