A cunhada do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto negou em depoimento na Polícia Federal na tarde desta segunda-feira, 20, que tenha recebido propina em dinheiro vivo da OAS, empreiteira sob suspeita da Operação Lava Jato por participação no cartel que assumiu contratos bilionários na Petrobrzs entre 2003 e 2014. Marice Correa Lima depôs durante duas horas e meia. Ela esclareceu que não viajou para o Panamá para fugir ao decreto de sua prisão temporária.
Marice diz que foi àquele país da América Central para participar do Fórum Sindical das Américas. Quando soube da ordem de prisão temporária estava em férias na Costa Rica e imediatamente retornou ao Brasil – na sexta feira, 17, ela se entregou à PF.
Ela continuará detida até a Justiça Federal decidir se prorroga ou não sua prisão temporária.
A PF indagou de Marice sobre a denúncia do doleiro Alberto Youssef que, em delação premiada, anexada aos autos da Operação Lava Jato, citou dois repasses de aproximadamente R$ 400 mil para Vaccari, em nome do PT.
O valor de R$ 880 mil, ao todo, teria sido pago pela empresa Toshiba Infraestrutura em uma contratação para obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), entre 2009 e 2010. Um dos pagamentos teria sido recebido por Marice, no escritório do doleiro em São Paulo.
À PF, a cunhada de Vaccari negou ter recebido valores de Youssef.
Em novembro de 2014, quando foi deflagrada a Operação Juízo final, sétima fase da Lava Jato, o Ministério Público Federal chegou a requerer a prisão temporária de Marice sob o argumento que ela teria recebido “valores vultosos em espécie” do doleiro “em entrega solicitada pela OAS”.
Na ocasião, a Justiça não decretou a prisão da cunhada de Vaccari, mas mandou que ela fosse conduzida à Polícia Federal para depor. Já naquela oportunidade, Marice rechaçou a informação de que teria recebido dinheiro da OAS
Em seu depoimento desta segunda feira, 20, ela também afirmou que não houve irregularidades na compra do apartamento OAS Bancoop – transação sob suspeita do Ministério Público Federal.
Os investigadores da Lava Jato apontam para o negócio que Marice realizou com a OAS. Ao comprar o imóvel ela lucrou 100% em apenas um ano – adquiriu o imóvel por R$ 200 mil e o vendeu um ano depois por R$ 432 mil para a própria empreiteira.
A força-tarefa da Lava Jato vê “caráter fraudulento” na transação. Os procuradores da República e a PF suspeitam que o negócio “serviu para ocultar e dissimular a origem ilícita dos recursos, tratando-se de possível vantagem indevida paga pela OAS a João Vaccari Neto”.
Marice disse que, em liberdade, poderá localizar todos os documentos relativos à compra do apartamento Bancoop e outros de interesse dos investigadores da Lava Jato.
Seu advogado, o criminalista Cláudio Pimentel, disse que ela “ratificou o depoimento que já tinha prestado em novembro”.
“Ela está serena, tranquila, apesar das condições, e está plenamente à disposição da Justiça”, anotou o advogado.