O dólar operou em alta no Brasil nesta segunda-feira, 13, após cair nos três últimos pregões. A moeda americana acelerou os ganhos perto do fechamento, com a notícia de que a Califórnia ordenou o fechamento de atividades internas em bares, restaurantes, academias e cinemas, entre outros, como estratégia para tentar conter os avanços do coronavírus. A decisão piorou os mercados rapidamente e fez o dólar ganhar força no exterior.
Até então, o dia havia sido marcado por otimismo no mercado internacional, por conta da aceleração do processo de análise por reguladores de duas vacinas contra a covid-19 nos Estados Unidos. Traders relataram ainda que contribuiu para pressionar o câmbio a continuidade da saída de capital externo da Bolsa, que já acumula retirada de R$ 4,1 bilhões este mês, até o dia 9. O dólar à vista fechou com valorização de 1,25%, cotado em R$ 5,3885, maior valor desde 30 de junho.
"Os casos de coronavírus estão se disseminando de forma alarmante nos Estados Unidos", ressalta o economista sênior do TD Bank, Sri Thanabalasingam, destacando que além da Califórnia, os outros dois estados mais críticos são Flórida e Texas. "O surto renovado de casos de coronavírus nos Estados do Sul e Oeste dos EUA apoia nossa previsão de que a economia dos EUA sofrerá uma recuperação muito mais lenta no segundo semestre", avaliam os analistas da inglesa Capital Economics.
A decisão do governo da Califórnia fez o Ibovespa perder os 100 mil pontos. O sócio da Monte Bravo Investimentos, Bruno Madruga, ressalta que o fluxo de investidores estrangeiros na B3 tem sido de saída, e nesta segunda-feira não deve ter sido diferente, após o bom desempenho recente do Ibovespa. Esse movimento ajudou a pressionar o câmbio.
Para os analistas da consultoria inglesa TS Lombard, o mercado de ações brasileiro "será sustentado pelo investidor doméstico no médio prazo", na medida em que os juros vão continuar caindo e o estrangeiro tem reduzido exposição ao País.
As mesas de câmbio monitoraram ainda as discussões sobre a política ambiental do governo para a Amazônia, na medida em que fundos internacionais ameaçaram não mais comprar ativos brasileiros. "A primeira coisa é aceitar que passou do limite a questão do desmatamento", disse o vice-presidente Hamilton Mourão.
Entre os fundos, o tom ainda é de ceticismo. "Esperamos ver mais ações e planos concretos daqui para a frente", disse ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), Eric Pedersen, responsável pela área de investimentos sustentáveis do grupo Nordea. Ele ressaltou que o banco não tem planos ainda de voltar a comprar títulos soberanos do governo brasileiro.