Opinião

De novo, a mídia como a vilã

Mais uma vez, como sempre acontece nesses casos, o poder da mídia ficou no centro das atenções de vários debates desencadeados, principalmente, nas redes sociais, além de alguns artigos histéricos publicados pelos veículos de comunicação – curiosamente chamados de golpistas pelos mesmos. Dos seis ministros da presidente Dilma Roussef (PT) que já deixaram seus postos antes de terminado o décimo mês de mandato, cinco estavam envolvidos em denúncias de corrupção. Detalhe: nenhum deles conseguiu até agora provar que sucumbiram por obra da imprensa golpista. Diferente disso, a chefe maior – até por se proteger – em todos os casos não só deu ouvidos às denúncias como também tratou de se livrar rapidinho dos acusados. 


Porém, a militância e muitos líderes partidários não se dão conta dos fatos. Eles tomaram conta das redes sociais para atacar jornalistas e órgãos de comunicação, numa demonstração de como serão as ações daqui para a frente. Denunciou qualquer descaminho de algum dos companheiros, ataques digitais ou mesmo impressos nas mesmas páginas que tanto atacam. Curioso isso.


Chama a atenção, porém, um fato muito interessante. Exatamente as mesmas pessoas que promovem os ataques à mídia neste instante só chegaram ao poder maior após conseguirem espaços preciosíssimos nestes mesmo veículos para atacar seus oponentes. Será que eles não se lembrar que Fernando Collor de Mello, o maior inimigo do PT no início dos anos 90, só caiu após as denúncias estampadas na mesma Veja que agora execram? Quantos e quantos ataques sofreu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) nas páginas dessa e de outras revistas semanais?


Em Guarulhos mesmo, quando os militantes que agora atacam a mídia estavam longe do poder, a imprensa local era bombardeada com dossiês contra os ex-prefeitos Paschoal Thomeu, Vicentino Papotto, Néfi Tales e Jovino Cândido. Naquele tempo, enquanto lhes interessava, a imprensa não era golpista. O que mudou? Mudou quem está com a pedra e quem detém a vidraça, só isso. A imprensa é a mesma.


O que preocupa, entretanto, é a sede de alguns para calar a imprensa, através de formulinhas mágicas que tentam imputar goela abaixo da sociedade, sob a alegação que o excesso de liberdade pode gerar excessos.

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