Estadão

Debinha se estabelece como sucessora de Marta e assume papel de líder na seleção

A cinco meses do início da Copa do Mundo de Futebol Feminina, o Brasil passa por uma transição de gerações de talentos. Aos 37 anos, Marta está ciente de que sua trajetória na seleção brasileira está perto do fim e aproveita para indicar o caminho das pedras para sua sucessora. Debinha já provou que pode assumir o papel de líder da equipe dentro e fora de campo.

Aos 31 anos, Debinha não é nenhuma novata, mas passa por seu melhor momento na carreira. Jogadora do Kansas City Current, dos Estados Unidos, ela figurou entre as 14 indicadas da Fifa ao prêmio de melhor jogadora do mundo, mas ficou fora da lista de finalistas, que incluiu Beth Mead (Inglaterra/Arsenal), Alex Morgan (EUA/San Diego Wave) e Alexia Putellas (Espanha/Barcelona).

A SheBelieves Cup, torneio amistoso em que o Brasil encerra sua participação contra os Estados Unidos, nesta quarta-feira, às 21h10 (no SporTV) é mais um passo nesta transição. A técnica Pia Sundhage trouxe Marta para o grupo justamente para dividir sua experiência. Ela foi utilizada no decorrer dos jogos na vitória sobre o Japão e na derrota para o Canadá. Debinha foi titular e marcou o gol no triunfo diante das japonesas, com passe da companheira e eterna camisa 10.

"É sempre sobre a hora certa de trazer as jogadoras para o jogo e na segunda vez que a Marta toca na bola ela tem o um contra um. Eu fiquei impressionada com o fato de ela não estar jogando e ainda assim ganhar o um contra um pelo lado esquerdo, isso é altíssimo nível considerando que ela não está atuando", destacou Pia, após o triunfo diante do Japão. "E nossa querida Debinha, ela aparece e traz as jogadoras para o jogo."

Debinha não é importante para o futuro da seleção apenas pela parte técnica. No vestiário, ela é considerada uma liderança para o grupo. Tem voz ativa e o respeito das companheiras.

CARREIRA
Débora Cristiane de Oliveira nasceu em Brazópolis, município de Minas Gerais que conta com menos de 15 mil habitantes, segundo o último censo. Aos 15 anos, iniciou sua carreira no futebol profissional, contratada pelo Lorena. Seis anos depois, e passando por clubes do futebol brasileiro como Portuguesa e Saad, se transferiu para a Liga Norueguesa – uma das mais fortes do mundo.

No país nórdico, Debinha defendeu o Avaldsnes IL por três temporadas. Conseguiu se firmar como uma das principais artilheiras da competição, mas em 2014 retornou ao Brasil, por um curto período, para defender o São José na Copa Libertadores Feminina. Campeã continental, retornou à Noruega em janeiro de 2015.

Nesse meio tempo, a atacante crescia como uma opção para a seleção brasileira. Em 2011, Debinha recebeu sua primeira oportunidade para defender o Brasil nos Jogos Pan-Americanos, realizados em Guadalajara, no México.

Após deixar a Noruega, Debinha teve uma breve passagem, entre 2016 e 2017, pelo futebol chinês. Seria somente nos Estados Unidos, a partir de 2017, que a atacante iria brilhar no cenário mundial. Ao assinar com o North Carolina Courage, ela passou a atuar também como meia e se transformou em uma peça indispensável do esquema da equipe.

Em seu primeiro ano, disputou todas as partidas da National Womens Soccer League (NWSL). Em suas seis temporadas, conquistou seis títulos nos Estados Unidos, mas não teve seu contrato renovado para 2023. A partir deste ano, ela defenderá o Kansas City Current, também da NWSL.

SELEÇÃO BRASILEIRA
Neste ano, Debinha disputará sua segunda Copa do Mundo com a seleção brasileira. Na França, em 2019, pouco conseguiu ajudar a equipe e terminou a competição sem marcar um gol sequer. Neste ano, mais madura e como uma das indicadas ao prêmio de melhor do mundo, terá na Austrália e Nova Zelândia a chance de brilhar pelo Brasil.

No último ano, Debinha foi decisiva na conquista da Copa América de 2022. Com cinco gols marcados – incluindo do título, na final contra a Colômbia -, mostrou o porquê de Pia considerá-la como uma dos pilares da renovação da seleção.

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