Cidades

Defesa Civil estima que 15 mil pessoas vivem em áreas de risco iminente na cidade

Município tem 115 vítimas das chuvas em abrigos

Guarulhos tem aproximadamente três mil famílias – em torno de 15 mil pessoas – morando em situação de risco iminente de enchentes e deslizamentos de terra. É o que estima o diretor da Defesa Civil Municipal, Paulo Victor Novaes. Outros milhares de habitantes residem em áreas de menor risco. No entanto, o último levantamento que classificou as áreas de risco da cidade foi realizado em 2004.

De acordo com Novaes, a pesquisa não traz dados precisos, uma vez que somente classifica áreas de risco de deslizamentos em quatro níveis. "Não podemos falar em números, já que a classificação não é feita por região, mas vai de imóvel para imóvel, de terreno para terreno", disse o diretor, que destaca que Cabuçu, Recreio São Jorge e Novo Recreio estão em situação mais delicada.

No Recreio São Jorge, não só mencionado por Novaes, mas também pelo decreto nº 28382, publicado no Diário Oficial da última sexta-feira, como uma das regiões em situação anormal, um estudo de 2008 da Prefeitura estima que haja mais de sete mil domicílios e um total de 28 mil habitantes. A região, que tem grande parte situada nas encostas da Serra da Cantareira, com possibilidades de deslizamentos de terra, torna-se perigosa quase que em sua totalidade.

Para Novaes, o grande problema da habitação em área de risco são as invasões, cuja fiscalização não é de responsabilidade da Defesa Civil. No entanto, como menciona o diretor, o trabalho de conscientização de risco de imóveis está sendo realizado pelos funcionários e voluntários do órgão.

A reportagem do Guarulhos Hoje tentou contato com o prefeito em exercício, Carlos Derman, para saber detalhes sobre as providências tomadas pela administração pública para atender a população atingida, além de investimentos e que ações preventivas foram feitas. Derman não atendeu à reportagem. O titular Sebastião Almeida continua em férias.

A Defesa Civil informou que do dia 14 até ontem foram registradas 67 ocorrências na cidade, entre deslizamentos, alagamentos de vias, quedas de árvores, quedas de muro, buracos em via pública, desabamentos, rachaduras, infiltrações e enchentes. Não houve vítimas fatais.

Abrigos – Até esta terça-feira, a Defesa Civil contabilizou que 115 pessoas vitimadas pelas chuvas da última semana estão em abrigos improvisados em escolas municipais. Destes, a maioria são da comunidade Vila São Rafael, que foram atingidas tanto por enchentes quanto por desabamentos. São 87 pessoas abrigadas na EMEF Nadia Maria Seabra.  As demais 28 pessoas são vítimas da região do Parque Mikail, que foram acomodadas nas salas da EMEF Chiquinha Gonzaga.

Mas o número de desabrigados é muito superior já que diversos moradores vão para  casas de familiares, amigos e vizinhos. É o caso da ajudante geral Ana Paula João dos Santos, 37, que já havia desocupado sua casa, atingida pela avalanche de lama que desceu de um barranco, teve que sair da casa da vizinha, que também teve a casa comprometida, e se alojar em outra residência da região.

Ana se queixa da assistência prestada pela Prefeitura. "Não temos informações. A Defesa Civil só nos diz para entregar a documentação necessária para o bolsa aluguel para uma moradora, que está reunindo a papelada de todos. Mas não há perspectivas".

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