Com a divulgação das contas externas nesta sexta-feira, 19, mostrando que o déficit nas transações correntes no acumulado de 12 meses bateu nos US$ 88,7 bilhões, aumenta ainda mais a pressão sobre o câmbio e sobre o ministro da Fazenda indicado, Joaquim Levy, a partir do momento em que ele tomar posse. A avaliação é do analista Rafael Bistafa, da Rosenberg Associados.
O déficit do período equivale a uma parcela superior a 4% do Produto Interno Bruto (PIB). E um déficit neste patamar, segundo Bistafa, aciona o interruptor que liga uma luz vermelha, especialmente porque o cenário contempla a possibilidade de a taxa básica de juros nos EUA vir a subir no próximo ano. Soma-se a isso, de acordo com ele, a pressão que estão sofrendo as moedas das economias emergentes, grupo do qual o Brasil faz parte.
No que se refere ao mês de novembro, Bistafa diz que o déficit de US$ 9,333 bilhões anotados pelo Banco Central foi expressivo, acima da mediana das expectativas dos analistas do mercado, exclusivamente pela piora da balança comercial. Em relação a novembro do ano passado, quando o déficit na conta corrente foi de US$ 5,100 bilhões, houve uma deterioração da ordem de 83%.
A diferença entre o déficit deste ano e o do ano passado é de US$ 4,233 bilhões. Deste valor, US$ 4,1 bilhões têm origem na balança comercial, que saiu de um superávit de US$ 1,7 bilhão em novembro de 2013 para um resultado negativo neste ano, de US$ 2,4 bilhões.
“Tanto os serviços como a renda tiveram certa estabilidade”, disse o analista, acrescentando que o destaque veio da rubrica viagens internacionais, que vinha mostrando déficits nos últimos anos, mas que estancou o crescimento do déficit. Em novembro último, o déficit na conta de viagens foi de US$ 1,2 bilhão, quase o mesmo valor de novembro do ano passado, que foi de US$ 1,3 bilhão.
IED
O BC também divulgou hoje o ingresso de recursos para investimentos no Brasil pela rubrica Investimento Estrangeiro Direto (IED) em novembro. Pelo que informou a autoridade monetária, no mês passado aportaram no País US$ 4,644 bilhões para investimentos em produção. No acumulado do ano, até novembro, chegaram aqui US$ 55,845 bilhões, o equivalente a 2,78% do PIB.
“Isso mostra que no longo prazo o Brasil continua sendo a economia emergente mais interessante para se investir”, disse o economista da Rosenberg. Neste quesito, o Brasil concorre com Rússia, África do Sul e Índia, que se encontram em situações piores.