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Deputada diz que recorrerá de decisão que a afastou da Câmara Legislativa do DF

A deputada Celina Leão (PPS) afirmou que vai recorrer da ordem judicial que a afastou do cargo de presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal. Ela disse não ter sido ouvida nos autos para exercer seu direito à defesa. “Respeitamos o Judiciário, embora não concordemos com a decisão.”

Ela foi afastada da presidência da Casa pela Justiça do Distrito Federal ao lado de três integrantes da Mesa Diretora e um deputado, em caráter liminar (até o julgamento do mérito do processo), por suspeitas de pagamento de propina aos deputados, na Operação Drácon, deflagrada nesta terça-feira, 23. Na semana passada, a deputada Liliane Roriz (PTB) divulgou áudios nos quais a presidente da Câmara articula o suposto esquema.

Celina negou a acusação de ter cobrado propina em troca da destinação de verbas para a saúde. Alega que os áudios apresentados por Liliane Roriz (PTB) foram editados de forma a prejudicá-la. A presidente afastada da Câmara sugeriu que a deputada agiu em associação com o governador Rodrigo Rollemberg (PSB), com quem está rompida, ao envolvê-la no escândalo. “Está claríssimo que ela não fez isso sozinha.”

Dizendo ser inocente e confiar nas investigações, ela negou que um computador tenha sido retirado de seu gabinete na véspera da operação e avisou que vai apresentar representação contra o deputado Chico Vigilante (PT) à Corregedoria da Câmara por acusá-la falsamente.

Outro deputado afastado, Bispo Renato Andrade (PR) alegou, em nota, ter sido “citado indevidamente por terceiros” nas gravações e reafirmou que não praticou “nenhum ato ilícito”. Ele informou que “desconhece qualquer acusação de ilicitudes” e que “tomará as medidas judiciais cabíveis, no momento certo”.

O deputado Júlio César (PRB), por sua vez, afirmou, também em nota, que se manifestará assim que tiver acesso ao teor da investigação. Ele acrescentou ser o “maior interessado” na resolução do inquérito e se colocou à disposição para auxiliar nas investigações.

Cristiano Araújo (PSD) também alegou, em comunicado divulgado por sua assessoria, que está à disposição da Justiça para prestar esclarecimentos. “Continuo com a consciência tranquila, pois em nenhum momento fiz qualquer tipo de solicitação ou pedido a empresários do ramo hospitalar que mantêm UTIs e nem deles recebi qualquer proposta. Repudio qualquer ilação ou menção desonrosa ao meu nome, feita por terceiros e fora de contexto, como aconteceu nessa denúncia que está sendo investigada”, afirmou.

A assessoria de Raimundo Ribeiro (PPS) e a defesa de Valério Neves Campos não retornaram aos contatos. Alexandre Braga Cerqueira e Ricardo Cardoso não foram localizados.

O caso

Os deputados do Distrito Federal aprovaram no fim do ano passado um projeto de lei destinando sobras orçamentárias da Câmara Legislativa, no valor de R$ 30 milhões, para o pagamento de dívidas do governo local com hospitais que fornecem leitos de UTI para a saúde pública. Segundo as investigações do Ministério Público de Brasília, em troca, teriam negociado com empresários do setor comissão de 7% sobre os repasses.

Inicialmente, a proposta legislativa destinaria recursos para a reforma de escolas, mas o texto foi alterado, supostamente porque um representante do segmento de manutenção predial não aceitou colaborar com o esquema. Em depoimento ao Ministério Público, o empresário (que não teve o nome revelado) contou ter sido achacado por deputados e por emissários deles.

As primeiras denúncias sobre um esquema de corrupção na saúde foram feitas em julho pela presidente do Sindicato dos Servidores da Saúde no DF (SindSaúde), Marli Rodrigues. Ela afirmou ter conhecimento de propinas de 30% em contratos da área e entregou gravações de conversas com integrantes do governo. Numa delas, a sindicalista questiona o vice-governador, Renato Santana, sobre as irregularidades na saúde. Ele nega, mas disse saber de comissões de 10% na Secretaria da Fazenda.

As denúncias deram origem à CPI da Saúde na Câmara Distrital. Os próprios deputados acabaram implicados no escândalo após a deputada Liliane Roriz (PTB) entregar gravações ao Ministério Público.

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