Política

Deputado defende o contrário do que pratica a administração do PT em Guarulhos

Deputado federal em seu segundo mandato, o paulistano Eli Correa Filho (DEM) adotou Guarulhos, onde reside atualmente, ao se casar com Francislene Assis de Almeida, e se considera um dos representantes do município no Congresso Nacional. Além dele, a cidade conta também com o colega de partido, Jorge Tadeu Mudalem, que fez o caminho inverso. Apesar de ser do município, há tempos não representa os interesses locais no legislativo federal. Desta forma, Eli assume a difícil tarefa de buscar em Brasília defender os interesses da segunda maior cidade do Estado. E as ambições do ainda jovem político, filho do radialista Eli Correa, não param por aí. Ele já se apresenta como o pré-candidato de seu partido à sucessão do prefeito Sebastião Almeida (PT). Nesta entrevista ao GuarulhosWeb, o deputado aborda questões de interesse local e nacional. E deixa claro: “para Guarulhos se desenvolver, é necessário ir no caminho inverso do que o PT fez nos últimos 16 anos”. 
 
 
Como o senhor, como um deputado que faz parte da Oposição ao Governo Federal, tem trabalhado em Brasília em defesa dos interesses de Guarulhos? Nesta condição, é possível obter conquistas para o município? Se sim, quais essas conquistas ao longo de 2015?
O Congresso é, sim, um lugar de discussão das ideias. Isso fazemos como oposição e situação, cada um dentro de sua proposta de trabalho. Há muitas outras situações, porém, que as questões partidárias não podem definir se atende ou não um pedido meu, por exemplo, pois o benefício não é do político, mas do cidadão. 
 
Quais suas reivindicações voltadas a Guarulhos como deputado federal? 
Apresentei 14 emendas que somam quase R$ 15 milhões para diversas áreas, a de maior valor é para a área de Saúde –mais de R$ 5,7 milhões. Para a Segurança Pública, apresentamos emendas que totalizam R$ 3,4 milhões, dos quais a cidade recebeu R$ 1.288.000,00. Com esse valor, foi possível equipar a Guarda Civil Municipal com cinco viaturas de grande porte, 10 motos e 24 bicicletas. 
 
Como o contingenciamento de gastos por parte do Governo Federal tem prejudicado o trabalho dos deputados em defesa de suas bases eleitorais? 
Neste momento, tomamos o cuidado de, primeiro, fazer cumprir o que já foi aprovado. Damos toda a assistência possível para que as prefeituras estejam aptas a receberem os recursos. Contudo, temos um limite de atuação. No caso de Guarulhos, por exemplo, eles estão com problemas em Brasília para a liberação de emendas. É preciso que eles regularizem e, assim, poderem receber os recursos federais.
 
Diante do cenário político e econômico pelo qual passa o país, o senhor acredita ser possível superar esses problemas já em 2016? 
As projeções não são boas, é verdade. Temos de ser realistas. Contudo, não podemos desistir, "jogar a toalha". Temos um quadro que foi mascarado pelo governo e, agora, vamos enfrentar. Já há quem esteja desejando "feliz 2017", indicando que 2016 será tenebroso. Disseram o mesmo de 2015 e, mesmo com dificuldade, vencemos mais um ano.
Reconheço que o desafio é enorme. Mas quero dar uma contribuição efetiva para Guarulhos e resgatar a cidade do descaso dos últimos anos. Dentre os nossos objetivos precisamos de ações que melhorem a qualidade do atendimento na saúde. Essa é uma das questões mais urgentes. E é assim que vamos mudar Guarulhos.
 
Qual seu posicionamento pessoal diante das crises que afetam tanto a Câmara Federal, na pessoa de seu presidente Eduardo Cunha (PMDB), como o Planalto? O senhor defende o afastamento do presidente da Casa como da presidente da República, Dilma Rousseff (PT)? Se sim, quais ações neste sentido que o senhor tomou? 
Para destravar as amarras que estão sobre o País e, sobretudo, pelo bem da democracia, defendo o afastamento do presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha e o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Cunha não tem mais condição de permanecer na presidência da Câmara. Ele caiu na própria armadilha ao mentir na CPI da Petrobras que não tinha conta no exterior, feriu o decoro parlamentar. Em reunião da bancada dos Democratas eu defendi, enfaticamente, que o representante do partido no Conselho de Ética votasse pela continuidade do processo contra Cunha. Os demais membros do meu partido seguiram minha posição e o voto do DEM foi fundamental para a continuidade das investigações contra Cunha no Conselho. 
Para a presidente Dilma defendo o impeachment, porque as pedaladas fiscais são crimes de responsabilidade contra a lei orçamentária. O TCU apontou que o governo Dilma atrasou o repasse de dinheiro a bancos federais para o pagamento de subsídios e benefícios de programas sociais feitos por meio da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil e do BNDES. Como os bancos efetivamente realizaram os pagamentos dos programas, o atraso nos repasses proporcionou uma folga no caixa do governo. Essa prática configura "empréstimo" o que é condenado pelo TCU e pela lei 1.079/50. Sobretudo, essas manobras continuaram em 2015.  E, ainda, o Brasil vive um processo de instabilidade enorme. A minha percepção é de que a presidente da República perdeu as condições de conduzir o país  e retomar a credibilidade e  estabilidade –  retomada dos investimentos e a  recuperação do emprego. Em consonância ao que defendo, basta lembrar como o mercado reagiu ao tomar conhecimento do início do processo de impeachment – mercado viveu  um momento de euforia e teve a leitura de que o governo Dilma e a política por ela adotada estavam travando a economia  e o país . Estou, juntamente  com os demais líderes dos Democratas, defendendo  matérias (entre elas mudança da meta fiscal)  que possam permitir a estabilidade do país, mas  desde que não comprometam a população com a  criação de novos impostos.
 
 
Em relação à administração municipal de Guarulhos, que também enfrenta uma grave crise econômica, com atrasos de pagamentos de fornecedores e uma série de obras paradas, como o senhor acredita que esses problemas podem ser resolvidos? Entende que o atual prefeito Sebastião Almeida (PT), que ainda tem mais um ano no cargo, tem condições de reverter o atual quadro? 
Guarulhos, infelizmente, seguiu a filosofia do governo federal de mascarar a realidade. Com o discurso de sempre buscar culpar o governo do Estado, adiou o enfrentamento de questões corriqueiras, provocou inchaço na máquina pública, que é gigante e ineficiente. 
O acúmulo de erros de todos os tamanhos em todas as áreas resulta em um ambiente que mantém o entrave. Para agravar a situação, o que se percebe é uma atuação que foca a perpetração no poder e, não, a gestão da cidade. Esse contexto é bastante desfavorável. Os vícios administrativos que marcam a gestão após quatro mandatos petistas não favorecem a uma rota de correção.
Os recursos públicos não são ilimitados. Precisamos abrir uma frente para o desenvolvimento da cidade para que possamos aumentar a arrecadação sem onerar nossa população. Ou seja, o contrário do que pratica a administração do PT.
A cidade precisa, com urgência, de planejamento, gestão e, principalmente, sensibilidade para entender de perto as dificuldades das pessoas no dia a dia. Ou seja, diminuir a distância entre o que o cidadão espera e o que a Prefeitura efetivamente faz.
 
 
O senhor já se apresenta como pré-candidato a prefeito de Guarulhos. Como pretende trabalhar ao longo de 2016 para convencer os eleitores que é o melhor nome para comandar o município nos próximos quatro anos? 
 
É importante ressaltar que a campanha não começou. Até que façamos a convenção do partido, sou  pré-candidato. 
Nesta condição, o que temos a fazer, e já estamos fazendo, é ouvindo as lideranças comunitárias de diversas regiões, buscando a construção de parcerias com vereadores e pré-candidatos a vereador. 
Em função do novo prazo de filiação fixado em outubro, as reuniões serão mais frequentes até que possamos, efetivamente, iniciar o trabalho de convencimento do eleitor. 
O que temos como prioridade é a certeza de que a cidade pode sair deste estado de estagnação. Vejo com muita tristeza o abandono da cidade e a péssima qualidade dos serviços públicos. Tenho andado pela cidade e conversado com as pessoas e percebido o quanto se sentem sem amparo das autoridades.
Por isso, estamos montando a nossa equipe. Buscando pessoas com gabarito técnico para a definição dos nossos principais focos de atuação. Nossa prioridade é não iludir. Apresentar para a população propostas concebidas com o pé no chão. Não gosto de propostas que criem falsas expectativas no cidadão. Acredito que o guarulhense tem maturidade e quer informação verdadeira. Isso me deixa em situação confortável, porque falar a verdade é um valor moral do qual não abro mão.
 

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