Economia

Desaceleração no IPCA é devido a consumo retraído e safra muito boa, diz IBGE

O Brasil experimenta uma clara desaceleração no ritmo de aumento de preços da economia, confirmou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O fenômeno é impulsionado pela retração da demanda doméstica e pela expectativa por uma supersafra de grãos este ano, explicou.

“Não há repasse de aumentos de preços em função do quadro atual. A gente tem desemprego alto, as pessoas estão evitando consumir, há pouca margem para aumentos de preços”, disse Eulina. “E a safra continua boa”, acrescentou.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,14% em abril, menor resultado para o mês desde o início do Plano Real, em 1994. A taxa acumulada em 12 meses diminuiu para 4,08%, a primeira vez que fica abaixo de 4,50% desde agosto de 2010, quando estava em 4,49%.

“Sem dúvida há uma clara desaceleração dos preços na economia em função desses fatores que a gente mencionou, do consumo retraído, da safra muito boa, e, no mês de abril especificamente, de um desconto muito grande da energia elétrica”, enumerou Eulina.

Em abril, a energia elétrica ficou 6,39% mais barata, o equivalente a um impacto de -0,22 ponto porcentual sobre o IPCA, por conta de um desconto nas contas de luz devido à devolução de uma cobrança indevida em 2016 identificada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

“A Aneel decidiu devolver esse dinheiro para os consumidores no mês de abril. É um desconto pontual. Não significa que os consumidores vão continuar pagando mais barato pelas contas”, alertou Eulina.

Segundo ela, é como se de repente o pão francês passasse a custar apenas R$ 0,01, mas por somente por um mês. Em maio, o patamar da conta de luz volta ao normal, inclusive com a incidência da bandeira vermelha, que prevê a cobrança adicional de R$ 3,00 a cada 100 kwh consumidos.

A energia elétrica sofrerá influência ainda de uma queda de 5,66% nas tarifas de uma das empresas que atua em Porto Alegre (em vigor desde 19 de abril), mas de aumentos de 8,87% no Recife (desde 29 de abril) e de 3,33% em Salvador (desde 22 abril).

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