Pesquisa divulgada nesta sexta-feira pela Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que a confiança do brasileiro no Poder Judiciário, no governo federal e nos partidos políticos caiu no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o último relatório lançado, feito no mesmo período de 2014.
Segundo a pesquisa Índice de Percepção do Cumprimento das Leis, a maioria das instituições analisada tem confiança de menos de 50% da população. O percentual de pessoas que confiam nos partidos políticos caiu de 7% (2014) para 5% (2015) e, no governo federal, de 29% para 19%. Os que disseram confiar no Congresso Nacional permaneceram em 15% e os que confiam no Poder Judiciário caíram de 30% para 25%.
Na polícia, o índice aumentou de 30% para 33%; nas emissoras de TV, de 31% para 34%; nas grandes empresas, caiu de 38% para 37%. As instituições mais bem avaliadas foram a imprensa escrita, cujo índice aumentou de 42% para 45%; a Igreja Católica, de 54% para 57%, e as Forças Armadas, de 64% para 68%.
Entre negros, pardos e indígenas, a confiança no Judiciário e na polícia é ainda menor, se comparada com as respostas dadas por brancos e amarelos. Entre brancos e amarelos, a confiança na polícia e no Judiciário chega a, respectivamente, 37% e 27%, com os índices caindo para 30% e 22% entre negros, pardos e indígenas.
Em contrapartida, a confiança cresce entre negros, pardos e indígenas quando se refere ao governo federal e ao Congresso Nacional, chegando a 24% e 20%, respectivamente, ante uma confiança de 18% e 14% dos brancos e amarelos.
“Essas respostas indicam claramente que negros e pardos confiam mais no Congresso e no governo porque se veem participando do processo, ao contrário do Judiciário e da polícia em que, além de ausência de participação, também se sentem alvos”, disse a coordenadora do IPCLBrasil, Luciana Gross Cunha. De acordo com Lucina, a queda de confiança no governo federal e no Judiciário pode ser explicada, respectivamente, pela crise econômica, e por decisões polêmicas de magistrados divulgadas pela mídia.
“O que conseguimos verificar foi o reflexo daquelas decisões do juiz do caso Eike Batista, que usou o carro do empresário. Há outros casos que envolvem magistrados sem boa conduta, que foram veiculados na mídia. E as pessoas se lembram muito disso” disse ela. “E a ideia da crise econômica causa impacto diretamente na confiança no governo federal”, acrescentou.