Estadão

Dólar tem leve alta e fecha a R$ 5,3090 com ajustes e cautela fiscal

O real não conseguiu acompanhar a onda positiva que embalou os demais ativos locais na sessão desta segunda-feira, 19. Apesar da alta firme do Ibovespa e do comportamento comedido dos juros futuros, o dólar à vista subiu e voltou ao nível de R$ 5,30. Operadores atribuíram a falta de fôlego da moeda brasileira a ajustes técnicos e à demanda típica pela divisa americana no fim de ano, em um ambiente de liquidez reduzida.

A cautela diante das incertezas no campo fiscal, em meio à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a inconstitucionalidade do chamado "orçamento secreto" e as negociações para possível votação da PEC da Transição amanhã na Câmara, ainda permeia os negócios e deixa pouco espaço para alívio na taxa de câmbio, segundo analistas. O mercado ainda absorveu a liminar do ministro do STF Gilmar Mendes que permite ao governo bancar o Bolsa Família fora do teto de gastos via crédito extraordinário, o que embaralha o jogo político em Brasília.

Entre máxima a R$ 5,3399 e mínima a R$ 5,2914, o dólar fechou cotado a R$ 5,3090, em alta de 0,28% – o que leva a valorização da divisa em dezembro para 2,06%. Operadores notam que o dólar futuro para janeiro operou em baixa ao longo de todo o dia, em sintonia com os demais ativos domésticos. Esse contrato fechou a R$ 5,314500, em queda de 0,32%, com giro de US$ 10,8 bilhões.

"Parece que os investidores estão desmontando bem devagar as últimas operações do ano, porque a escassez de liquidez começa a ficar mais aparente. Esse período do ano costuma ser mais complicado para o câmbio", afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo.

No início da tarde, Haddad anunciou que a procuradora Anelize Almeida irá chefiar a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN). Ela já ocupava o cargo de subprocuradora-geral no órgão. Amanhã devem sair os nomes para a secretaria do Tesouro Nacional e a Secretária de Política Econômica (SPE), segundo fontes ouvidas pela Broadcast.

"O câmbio continua refletindo cautela com o risco fiscal aqui e indicações para o futuro governo. O anúncio feito pelo futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aparentemente foi bem recebido", afirma a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, ressaltando que a possibilidade legal de tirar o Bolsa Família do teto de gastos e o fim do orçamento secreto ajudaram a "acalmar um pouco os mercados".

Haddad defendeu a necessidade da PEC da Transição e reiterou que as negociações com o Congresso continuam apesar da decisão liminar de Gilmar Mendes. "Precisamos que o Congresso compreenda que aquilo que foi contratado pela sociedade tem de ser pago. O orçamento de 2023 em proporção do PIB não pode ser menor que o de 2022", disse Haddad. Segundo apurou o Broadcast Político, o presidente da Câmara, Arthur Lira, teria dito a aliados defender um "meio-termo" para a PEC da Transição, com o prazo de ampliação do teto de gastos em R$ 145 bilhões caindo de dois para um ano.

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