Mesmo com o anúncio do Banco Central de que fará leilões de swap cambial acima dos US$ 5,6 bilhões necessários para a rolagem dos vencimentos de junho, o dólar continuou com elevada volatilidade nesta quinta-feira, 3. A moeda americana oscilou entre a mínima de R$ 3,5218 (-0,84%) e a máxima de R$ 3,5673 (+0,44%). No fechamento, seguiu a tendência de baixa firmada a partir do meio da tarde e ficou em R$ 3,5236 (-0,79%). O giro dos negócios com o dólar à vista não foi muito forte, ficou em US$ 635 milhões. Perto das 17h20, o dólar para junho recuava 0,84% e saía a R$ 3,5320 – no mercado futuro o giro era mais elevado, de US$ 22 bilhões.
Para Gustavo Cruz, economista da XP Investimentos, o mercado iniciou o dia digerindo a notícia da intervenção do BC, mas, à tarde, depois do leilão, passou a oscilar acompanhando mais o noticiário externo: o dia acabou sendo de queda do dólar em relação a moedas emergentes e ligadas a commodities. Operadores também destacaram o recuo dos títulos americanos, o Treasury de 10 anos estava em baixa de 0,79%, a 2,944%. “Com a pequena intervenção, o BC sinaliza que atua apenas para conter a volatilidade, sem interferir na tendência do câmbio”, afirmou.
No fim da manhã de hoje, o BC vendeu 8.900 contratos de swap (US$ 445 milhões). Se mantiver esse ritmo até o fim de maio, ele injetará mais 56.100 contratos de swap (US$ 2,805 bilhões) no sistema. O BC disse claramente que vai vender mais contratos do que o necessário para a rolagem de junho, mas sem dar um valor e o mercado deverá acompanhar atentamente os comunicados diários sobre esses leilões. Ao mesmo tempo em que anunciou mais swaps, o BC deixou vender contratos de linha no valor de US$ 2,0 bilhões. Na prática, o vencimento da linha significa a retirada deste montante do sistema.
Alguns profissionais observaram que as operações de linha geralmente são feitas para suprir a liquidez de moeda à vista no sistema. Já os leilões de swap são a ferramenta preferencial da instituição para reduzir a volatilidade. Há no mercado uma demanda extra atípica por hedge, diante do barateamento dessa operação, em função da queda do juro no Brasil e do aumento das taxas no exterior.
O valor deste “dinheiro novo” via swap é considerado pequeno por profissionais do mercado de câmbio, mas indicaria a disposição do BC em suavizar o movimento altista do dólar ante o real. O consenso foi que o importante, agora, não é exatamente o tamanho, mas a nova sinalização que o BC dá ao mercado. “Até uma semana atrás, o BC dizia que não estava incomodado com a apreciação do câmbio. Ontem mudou esse sinal, o que é importante”, afirmou um gestor de um banco estrangeiro.