No dia em que a Fitch Ratings promoveu o rebaixamento da classificação de risco do Brasil, o dólar voltou a cair ante o real, seguindo os mesmos fundamentos das últimas sessões. Bolsas em alta, forte valorização dos preços do petróleo e queda das taxas dos Treasuries voltaram a refletir um ambiente de apetite por risco. Com isso, o dólar terminou o dia cotado a R$ 3,2403 no mercado à vista, com baixa de 0,27%.
A reação ao downgrade da nota de crédito do País (de BB para BB-, com perspectiva estável) foi breve, levando o dólar a operar em terreno positivo por apenas alguns segundos. Ao atingir a máxima de R$ 3,2511 (+0,06%), em resposta à notícia, a cotação atraiu fortes ordens de venda. Nas horas que se seguiram ao anúncio, o dólar ainda encontrou espaço para ampliar o ritmo de baixa, chegando à mínima de R$ 3,2327 (-0,50%).
Para José Carlos Amado, operador de câmbio da Spinelli Corretora, o fato de a Fitch ter definido perspectiva estável no rating acabou sendo bem recebido. “O mercado preferiu não mudar de tendência por enquanto. Se alguma mudança for feita, não será assim tão rapidamente, porque há outras questões que amenizam o rebaixamento. Uma delas é a melhora dos números da economia, um fator que vem dando maior tranquilidade, em contraposição à não aprovação da reforma da Previdência”, disse.
Como era de se esperar, a desistência do governo de votar a reforma da Previdência foi o principal motivo para a decisão da Fitch. A agência ressaltou que retirada da matéria da pauta do Congresso representou um “importante revés” e mina a confiança de médio prazo nas finanças públicas e no compromisso político do governo em perseguir o ajuste fiscal.
“Por enquanto, a forte liquidez internacional fala mais alto, principalmente porque a decisão da Fitch já vinha sendo precificada pouco a pouco. Mas é uma má notícia para o médio e longo prazo, pois aponta para a redução da participação de fundos internacionais no País”, disse Bruno Foresti, gerente de câmbio da Ourinvest.
No cenário externo, os preços do petróleo voltaram a subir com força, ainda em repercussão aos dados da véspera divulgados pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos (DoE), que apontaram queda dos estoques no país. Hoje a Baker Hughes apontou leve aumento no número de poços de petróleo em operação, mas teve influência apenas pontual na alta da commodity. Com o petróleo em alta de mais de 1%, além da alta das bolsas e da queda das taxas dos Treasuries, o dólar se enfraqueceu ante moedas de países emergentes e exportadores de commodities.