O dólar voltou a ganhar força frente ao real e fechou nesta terça-feira, 19, cotado a R$ 4,0591, com valorização de 0,64%. A alta foi atribuída essencialmente ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que alterou abruptamente as projeções do mercado para os juros da economia, ao comentar projeções mais pessimistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Brasil.
Em nota divulgada pela manhã, Tombini disse considerar “significativas” as mudanças de perspectivas recém-anunciadas pelo FMI, que passou a projetar uma queda de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2016. Disse ainda que “todas as informações econômicas relevantes e disponíveis até a reunião do Copom são consideradas nas decisões do colegiado”.
As declarações, na véspera da decisão do Copom sobre a taxa Selic, foram interpretadas como uma sinalização de que o aperto monetário pode ser mais ameno do que se imaginava – ou mesmo nem acontecer -, apesar de as expectativas apontarem inflação futura acima da meta do BC. Como reação, o mercado futuro de juros passou a projetar majoritariamente uma alta de 0,25 ponto porcentual na taxa Selic, em vez do 0,50 ponto que prevalecia nas apostas até a véspera. A taxa Selic é hoje de 14,25% ao ano.
A declaração mais “dovish” (suave) de Tombini, em contraposição ao tom mais duro de outros comunicados recentes do BC, acabou por dividir opiniões quanto à autonomia da instituição. O aumento da percepção de risco em relação ao País foi, portanto, um dos fatores de pressão sobre o dólar, que se manteve em alta mesmo diante da tendência de baixa frente a moedas de países emergentes e exportadores de commodities. Pela manhã, a cotação chegou à mínima de R$ 4,005 (-0,70%), enquanto a moeda ainda repercutia o cenário internacional mais favorável.