O mercado de câmbio teve novo dia de nervosismo nesta terça-feira, 11, embalado pela indefinição sobre as eleições deste ano. A moeda norte-americana chegou a encostar em R$ 4,18 pela manhã, mas perdeu um pouco de fôlego na parte da tarde e encerrou o dia em R$ 4,1555, alta de 1,77%, a segunda maior cotação do Plano Real, superando a do último dia 30 (R$ 4,1541). O real teve hoje a maior queda ante o dólar entre os principais emergentes, seguido pelo peso argentino (+1,72%). As atenções das mesas de operação se voltam agora para os dados do Ibope, que serão divulgados no início da noite de hoje.
A pesquisa Datafolha divulgada ontem mostrou o contrário do que o mercado esperava após o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, ser esfaqueado na tarde de quinta-feira (6). Naquele dia, o dólar engatou forte queda com a avaliação de que a esquerda perderia espaço nas intenções de voto. Os dados do Datafolha mostraram que Fernando Haddad, oficializado hoje como o candidato do PT, e Ciro Gomes (PDT) tiveram crescimento combinado de oito pontos, enquanto Bolsonaro oscilou dentro da margem de erro, para 24 pontos.
O ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, sócio da consultoria Tendências, destaca que na ausência de maior clareza, o mercado busca posição defensiva e proteção no dólar. Em 2002, ressalta ele, havia estresse, mas a incerteza estava focada no que seria o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Há cinco candidatos com chances de ir para o segundo turno.
Para o economista da consultoria Pantheon Macroeconomics, Andres Abadia, as pesquisas estão sinalizando uma disputa muito apertada e os preços dos ativos e do dólar estão refletindo esta indefinição. O candidato preferido do mercado, Geraldo Alckmin, teve alguma melhora de desempenho, mas ainda está com desempenho abaixo do esperado. Ele ressalta que os investidores internacionais estão preocupados com dois fatores: a continuidade do ajuste fiscal e a governabilidade do próximo presidente para tocar estas medidas e outras reformas estruturais.
O dólar hoje já abriu o dia em alta e, pela manhã, o cenário externo estava adverso, em meio a renovadas preocupações dos agentes sobre a tensão comercial entre China e EUA. Em seguida, o mercado melhorou, as bolsas em Nova York passaram a subir e o dólar perdeu força entre moedas de países desenvolvidos, como Canadá, o euro e a libra. Entre os emergentes, a moeda norte-americana teve comportamento misto, subindo ante o real e o peso argentino e caindo ante as divisas do México, Turquia e África do Sul.