Economia

Economistas dizem ao BC que duvidam de ajuste fiscal

Analistas de mercado que participaram das reuniões que o diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Carlos Hamilton de Araújo, fez ontem com representantes do mercado financeiro, em São Paulo, apresentaram uma mensagem preocupante para o governo.

Essas reuniões acontecem trimestralmente e servem para o representante do Banco Central ouvir avaliações dos profissionais do mercado para serem usadas na preparação do Relatório Trimestral de Inflação. Hamilton realizou três reuniões com os economistas.

Da segunda reunião do dia, Hamilton deve levar para Brasília a descrença dos analistas em relação à realização dos ajustes necessários para a retomada do crescimento da economia. “Os colegas deixaram claro para o Hamilton que não acreditam que o governo fará os ajustes econômicos necessários e que o que foi feito até agora é muito pouco”, disse um dos analistas.

Contas públicas

Hamilton também ouviu que os economistas estão descrentes em relação à política fiscal, das contas públicas. E que, pelas sinalizações do governo, a política fiscal deverá continuar expansionista.

“Ninguém tem motivo para acreditar que alguma coisa será feita no sentido de reduzir os gastos públicos se o próprio Mercadante (Aloízio Mercadante, ministro-chefe da Casa Civil) já disse que não haverá corte de gastos”, afirmou outro analista de mercado.

Durante a terceira e última reunião do dia, Hamilton também ouviu queixas sobre a política fiscal. “Falamos sobre a importância de se manter uma meta de superávit primário para ser perseguida. Mas mesmo assim, não acreditamos que ela será cumprida”, disse um participante do encontro.

A preocupação dos analistas com a política fiscal, de acordo com outra fonte, cresceu mais em relação à reunião do trimestre passado por causa das sinalizações do governo de que não seguirá uma meta fiscal.

PIB

Quanto ao desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), os economistas disseram a Hamilton que o terceiro trimestre pode apresentar alguma melhora, mas porque a base de comparação com o período anterior é fraca.

Analistas informaram que trabalham com uma projeção de crescimento entre zero e 0,8% no fechamento em 2015. Para a inflação, as projeções ficam em torno de 6,5%. Se por um lado a inflação dos preços livres pode dar alguma trégua por causa do arrefecimento da renda e aumento do desemprego, disse um economista, do outro o ajuste dos preços administrados deverá anular os efeitos positivos dos preços no mercado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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