Economia

Economistas mostram desconfiança e cautela com dados da China

O Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 6,9% no terceiro trimestre, seu desempenho mais fraco desde 2009, porém acima da previsão de 6,8% dos analistas ouvidos pelo Wall Street Journal. Outros indicadores, como a produção industrial e os investimentos em ativos fixos, vieram mais fracos que o esperado em setembro. A produção industrial avançou 5,7% no ano, abaixo da expectativa de 5,9%, enquanto os investimentos ficaram em 10,3%. As vendas no varejo subiram 10,9%, como esperado. Segundo analistas,

“A estabilidade prolongada dos números oficiais do PIB reforçará as preocupações sobre sua credibilidade”, afirmou Julian Evans-Pritchard, da Capital Economics. Na avaliação da consultoria, o PIB divulgado provavelmente exagera o crescimento “por uma grande margem”, mas há razões para pensar que o crescimento tenha sido em geral estável no último trimestre. “Olhando adiante, nossa visão continua a ser de que gastos fiscais mais fortes e um crescimento mais rápido do crédito limitarão os riscos de baixa para o crescimento nos próximos trimestres, diz Evans-Pritchard.

A economista Jian Chang, do Barclays, também apontou que o mercado em geral desconfia que os números de crescimento da China são na verdade mais baixos que o divulgado. Segundo ele, o fato de os investimentos em ativos fixos e a produção industrial terem vindo abaixo do esperado reforça as preocupações sobre a pressão de baixa da economia chinesa. Apesar dos esforços de Pequim como corte de juros, isenções tributárias e gastos em infraestrutura, Chang diz que a economia chinesa deve continuar a desacelerar para 6% em 2016. “No quarto trimestre, a China deve ter outro corte de juros”, previu.

Angus Nicholson, economista da IG Markets, também engrossa o coro dos desconfiados com a confiabilidade do PIB chinês, além de demonstrar certo desânimo com o quadro. “É difícil ficar muito otimista com o número do PIB, especialmente diante da série de outros dados divulgados hoje”, comentou. O economista Haibin Zhu, do J.P. Morgan, também mostra-se cauteloso. “A desaceleração estrutural continuará no médio prazo, o que pode durar mais um ou dois anos”, disse.

“No geral é bastante desapontador. O investimento continua a desacelerar muito fortemente, apesar dos esforços do governo para apoiar a economia, que não parecem ser suficientes”, disse Klaus Baader, do Société Générale CIB. Segundo Louis Kuijs, da Oxford Economics, o consumo robusto e os gastos com infraestrutura impediram uma desaceleração mais forte, ainda que os temores sobre os indicadores continuem. Para Kuijs, o governo continuará a anunciar estímulos pontuais, para apoiar o crescimento.

“Nós esperamos que o crescimento do PIB permaneça em geral estável no quarto trimestre, diante de medidas de apoio”, disseram os economistas Li-Gang Liu e Louis Lam, do ANZ. Na avaliação deles, o Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) precisa cortar o compulsório dos bancos em mais 0,50 ponto porcentual, no quarto trimestre.

O economista Jens Nordvig argumentou que, no cenário internacional, os riscos em relação ao crescimento chinês são o principal assunto a pesar sobre as decisões de investimento, no momento. “De uma perspectiva de médio prazo, é difícil estar muito otimista”, disse ele.

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