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Em evolução, tênis de mesa brasileiro projeta até ganhar medalha na Olimpíada

Que o ouro será da China ninguém duvida, mas pelo menos a medalha de bronze dá para beliscar. Três anos depois da aposentadoria de Hugo Hoyama na seleção, o Brasil evoluiu no tênis de mesa a ponto de passar a sonhar em subir ao pódio nos Jogos Olímpicos do Rio, no ano que vem, na disputa masculina por equipes.

“Os adversários sabem que o Brasil tem uma equipe perigosa. A gente tem potencial de brigar por uma medalha. No papel, as outras equipes são superiores, mas a gente tem esse potencial”, opina Gustavo Tsuboi, que em outubro conquistou um histórico quinto lugar na Copa do Mundo da modalidade.

Tsuboi avançar às quartas de final da competição em Halmstad (Suécia), vencendo dois atletas Top25 do mundo, foi só um dos feitos recentes do tênis de mesa brasileiro. Tsuboi foi eleito o jogador revelação da última Bundesliga, enquanto Hugo Calderano foi bronze nos Jogos Olímpicos da Juventude de 2014 e venceu recentemente o ex-número 1 do mundo Timo Boll. Juntos, em fevereiro, eles foram finalistas em duplas em Doha (Catar), numa etapa equivalente ao Grand Slam do tênis.

“No último Mundial por Equipes, a gente fez frente com as maiores potências do tênis de mesa. Ganhou jogos, jogou pau a pau com outras equipes boas e estivemos perto de vencer. Nesse campeonato a gente mostrou potencial e de lá pra cá tivemos algumas vitórias importantes, significativas”, argumenta Tsuboi.

Na competição citada por ele, realizada entre abril e maio de 2014, o Brasil perdeu de Sérvia e Áustria por 3 a 2 e da Polônia por 3 a 1, mas venceu a Rússia por 3 a 2. Nas competições por equipes do tênis de mesa, assim como na Copa Davis no tênis, há quatro duelos de simples e um de duplas.

Número 41 do ranking mundial, Tsuboi é o brasileiro mais bem posicionado, mas sua posição na lista não reflete seu atual momento, uma vez que ele tem jogado pouco o Circuito Mundial. Atleta do Bergnestaudt, é na Bundesliga, a liga mais forte do mundo, que ele mede seu potencial.

“Acredito que jogadores entre 10 e 20 do mundo eu ainda consigo fazer um jogo bom, ter chance de ganhar. É difícil, eles ainda estão num nível superior ao meu, mas dá jogo. Mas Top10 do mundo já é um pouco mais complicado e eles tão num nível superior”, explica Tsuboi.

Se até pouco tempo o Brasil comemorava ter a hegemonia da América Latina, hoje a cabeça está em vencer atletas de escolas tradicionais. Para o mesa-tenista, essa mudança está diretamente relacionada à contratação do técnico francês Jean René-Mounie, que como atleta acabou com a hegemonia chinesa para ser campeão mundial em 1993.

“Ele começou a treinar a gente de outra maneira, encarar de outra maneira, e a gente foi evoluindo. O trabalho dele foi fundamental. Se ele não tivesse começado a trabalhar com o Brasil, eu acho que eu não estaria jogando tênis de mesa mais. Isso se vê no Pan. Em 2011 a gente ganhou por equipes, mas no individual não teve medalhas. Nesse último Pan, teve ouro, prata e bronze no individual. Com o Jean René, mudou a mentalidade da confederação, dos atletas. A parte financeira também mudou. Com o Jean, o dinheiro foi na direção certa”, elogia Tsuboi.

Essa mudança de mentalidade dos brasileiros atraiu o interesse de clubes europeus – no tênis de mesa, os campeonatos, sempre por equipes, são como os de futebol ou qualquer outro esporte coletivo. Tsuboi e Hugo Calderano estão na primeira divisão da Bundesliga e Thiago Monteiro joga na elite da França. Cazuo Matsumoto é o único num clube da Liga dos Campeões e, entre os melhores do mundo, recentemente ganhou do português Marcos Freitas, então oitavo do ranking e vice-campeão europeu.

Dos quatro, um desses brasileiros não irá à Olimpíada. Hugo Calderano está classificado porque foi o campeão dos Jogos Pan-Americanos. Outras cinco vagas serão distribuídas pelo Pré-Olímpico Latino-Americano, no ano que vem, mas só mais um brasileiro poderá se classificar para jogar a chave de simples no Rio. Por fim, o terceiro convocado, para compor a equipe, será definido pela comissão técnica.

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