Opinião

“Eu quero só justiça”


A fotografia publicada na primeira página do HOJE nesta terça-feira representa um sentimento que deveria permear a totalidade da população. Um senhor de 55 anos resolveu se acorrentar ao prédio da Justiça Federal de Guarulhos, na manhã de segunda-feira, para chamar a atenção para a morosidade que vê nas decisões que implica o poder público neste país. O sujeito trazia em uma das mãos a corrente. Na outra um cartaz com os dizeres: “Eu quero só Justiça”. Nada mais. Ele não pede dinheiro, alguma esmola, comida. Nada. Apenas justiça.


Depois de ver rejeitado pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) seu pedido de auxílio-doença por duas vezes, já que – em seu ponto de vista – está impedido de trabalhar após sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC) há dois anos, ele ingressou na Justiça para comprovar suas necessidades e exigir uma solução.


Porém, segundo contou, sua ação ficou parada (ou pelo menos, não teve um encaminhamento satisfatório). Enquanto aguarda, precisa sobreviver. Ao constatar, assim como milhões de brasileiros, a morosidade da justiça, encontrou no protesto a única forma de chamar a atenção da sociedade para seu problema, que é comum a muita gente.


Independente de ele ter razão ou não – esse tipo de análise não cabe neste momento -, o sentimento expresso em seu cartaz reflete a opinião de muita gente que aguara há anos por resoluções na Justiça. Devido ao grande número de ações que transitam, nas mais diferentes instâncias, recursos, decisões liminares, determinações, muito se passa.


Muitos, infelizmente, não conseguem ficar vivos a tempo de gozar daquilo que é justo. Fora que, não é raro, as decisões – baseadas em interpretações humanas sobre determinados casos – nem sempre são as mais equilibradas ou – no limite da palavra – justas.


Por tudo isso, a imagem do senhor Valerício Costa Ferreira é emblemática. Apenas um personagem em meio a 190 milhões de brasileiros. Um ser humano que merece respeito. Que merece, ao menos, ser ouvido. O que ele pede não é muito. É apenas o básico. Todos queremos. Todos lutamos. Justiça. Só isso.

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