O governo americano e a farmacêutica Pfizer firmaram um acordo para fornecimento de 100 milhões de doses a mais da vacina contra a covid-19 desenvolvida em parceria com a alemã BioNTech, o que garante aos americanos pelo menos 200 milhões de unidades do imunizante das empresas.
Todas as doses são esperadas para serem entregues até julho de 2021. O acordo anunciado ontem resolve o problema dos Estados Unidos, que não havia feito uma pré-encomenda da vacina. O negócio, porém, deixa países pobres com ainda mais dificuldades para obter vacinas.
Os EUA asseguraram ontem que têm contratadas 900 milhões de doses das várias vacinas que hoje estão sendo desenvolvidas. O montante pode aumentar para 3 bilhões, o que garantiria ao país "excedentes", que os americanos dizem que planejam compartilhar com seus aliados no mundo.
Os EUA s têm uma população de 330 milhões de pessoas, da qual devem ser subtraídos cerca de 70 milhões que não receberão a vacina agora, pois o imunizante não é indicado para menores de 16 anos.
Até agora, apenas duas vacinas contra o coronavírus – a da Pfizer-BioNTech e a da Moderna – têm autorização federal no país para distribuição emergencial e a maior parte do que as empresas são capazes de produzir nos próximos seis meses já foi alocada por meio de contratos com os Estados Unidos e outros governos.
"Garantir mais doses da Pfizer e da BioNTech para entrega no segundo trimestre de 2021 expande ainda mais nosso fornecimento de doses em todo o portfólio da campanha de vacinação", disse o secretário de Saúde e Serviços Humanos, Alex Azar, em um comunicado. "Essa nova compra federal pode dar aos americanos ainda mais confiança de que teremos abastecimento suficiente para vacinar todos aqueles que desejarem serem imunizados até junho de 2021", afirmou.
Como parte do novo acordo, o governo federal ajudará a empresa farmacêutica a obter suprimentos de fabricação para vacina, informou ontem o jornal The Washington Post citando fontes que estariam por dentro da negociação.
"Como parte da coordenação contínua, o governo e a Pfizer também continuam a discutir abordagens potenciais para fortalecer ainda mais nossa parceria e expandir a produção com segurança e acelerar a produção", disse o comunicado do governo, informando que pagará US$ 4 bilhões (por volta de R$ 20,8 bilhões) pelas 200 milhões de doses.
No dia 11, a agência reguladora de medicamentos e alimentos dos EUA (FDA), autorizou a vacina para uso emergencial. Três dias depois, os profissionais de saúde da linha de frente começaram a receber as primeiras injeções do país.
Até a segunda-feira, mais de 600 mil americanos já haviam recebido suas primeiras doses de vacina, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
Países pobres. Segundo a agência de notícias Reuters, o mecanismo global para distribuir vacinas contra covid-19 para países mais pobres – o Covax Facility, da Organização Mundial da Saúde (OMS) – corre risco de acabar em fracasso "muito grande". Isso poderia fazer com que bilhões de pessoas fiquem sem acesso às vacinas até o fim de 2024.
Os documentos obtidos pela agência mostram que faltam fundos, há riscos de ausência de suprimentos e existem arranjos contratuais complexos que podem impossibilitar a realização do plano estabelecido pelo Covax para atingir os seus objetivos.
Na mesma linha, um relatório divulgado na semana passada pela Peoples Vaccine Alliance – um grupo de organizações não governamentais – alertou que cerca de 70 países pobres ou em desenvolvimento só serão capazes de vacinar uma em cada dez pessoas em 2021.
O Covax, do qual o Brasil faz parte, almeja entregar ao menos 2 bilhões de doses de vacina até o final de 2021 para cobrir 20% das pessoas mais vulneráveis de 91 países pobres e de renda média, a maioria na África, Ásia e América Latina.
De acordo com o <i>New York Times</i>, os países ricos já garantiram até agora mais da metade das doses das vacinas que estão em testes clínicos e chegarão ao mercado até o fim de 2021. Se todas as doses que essas nações reivindicaram forem administradas, a União Europeia (UE) poderia vacinar seus cidadãos duas vezes, o Reino Unido e os EUA poderiam fazê-lo quatro vezes e o Canadá seis vezes, de acordo com análise do jornal americano, feita com base em contratos analisados pela Universidade Duke, Unicef e Airfinity, uma empresa de análise científica. (Com agências internacionais)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>