O presidente do PT, Rui Falcão, disse nesta segunda-feira, 22, que a decretação da prisão do marqueteiro João Santana, alvo da 23ª fase da Operação Lava Jato, “não preocupa” o partido. Santana foi marqueteiro das duas campanhas da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e produziu vários programas e comerciais para o PT.
“O PT não tem marqueteiro. Contrata as pessoas para fazerem programas. Isso não diz nada com relação ao PT”, afirmou Falcão, ressaltando que Santana não é filiado ao partido. Lembrado de que as suspeitas da Polícia Federal são de que Santana teria recebido US$ 7,5 milhões em contas no exterior, entre 2012 e 2014, por serviços prestados ao PT, Falcão afirmou que o ônus da prova cabe a quem acusa.
“Aqui quem acusa não tem que provar, mas eu continuo defendendo que não pode ser assim. As pessoas são inocentes até prova em contrário”, disse Falcão, que só comentou o assunto após muita insistência dos repórteres. “Ele (João Santana) vai se apresentar para explicar.”
Embora Falcão tenha tentado afastar o PT do novo escândalo, o assunto causa muita apreensão no Palácio do Planalto e no partido, num momento em que a Polícia Federal faz de tudo para fechar o cerco sobre Lula e a popularidade de Dilma está muito baixa. O temor é que as acusações liguem a campanha de Dilma a pagamentos ilegais e possam ressuscitar o impeachment, que vinha cada vez mais perdendo força, ou fortalecer ações contra a chapa de Dilma que correm no Tribunal Superior Eleitoral.
Santana e a mulher, Mônica, tiveram a prisão decretada hoje, mas estão na República Dominicana, onde trabalham na campanha de Danilo Medina à reeleição. A Polícia Federal acredita que a offshore Klienfeld, usada por Santana, representa um dos caminhos da propina da empreiteira Odebrecht no exterior.
“Todas as nossas doações de campanha são feitas legalmente, através de doações bancárias e a Justiça Eleitoral recebeu todas. As nossas doações foram semelhantes em valor, em doadores, às campanhas do PSDB”, comentou Falcão.
Documentos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indicam que, na campanha de 2014, Dilma arrecadou R$ 47,5 milhões das empresas investigadas pela Lava Jato. O comitê de Aécio Neves, por sua vez, recebeu R$ 40 milhões das mesmas empreiteiras.