A fábrica da Sakura, empresa que produz molho shoyu na Vila Carrão, em São Paulo, está com dificuldade de entregar pedidos. Entre maio e junho deste ano passou a receber uma demanda maior do que no pré-pandemia. No entanto, por falta de insumos, não tem conseguido atendê-la. "Já há pouco mais de um mês temos essa pressão. Houve uma aceleração (de demanda) não esperada no segundo semestre. Usamos o que tínhamos e tivemos de fazer mais pedidos. Os fornecedores têm dificuldade de atender os pedidos adicionais", diz o presidente da empresa, Roberto Massayoshi Otake.
Ele conta que a falta de caixas de papelão é o problema mais agudo. "Temos rupturas de entregas em função da falta de insumos. Fizemos substituição de algumas linhas de produto." Ao todo a empresa tem faturado cerca de 15% a menos do que o previsto para o mês em razão deste problema. "No dia 10 costumamos estar com cerca de 80% da produção já realizada. Neste mês tínhamos em torno de 60% apenas", informa.
Os produtos não chegam a ficar prontos esperando as caixas, pois a produção nem começa se não houver todos os materiais necessários para completá-las. Além disso, a embalagem de papelão não a única coisa que falta na fábrica. Rótulos, tampas e o filme para fazer sachês também atrasam pontualmente as linhas.
Com as mudanças para atender a normas sanitárias relativas à pandemia de covid-19, os bares e restaurantes para quem a Sakura fornece deixaram de comprar os galões de molho para encher os vidros das mesas. Agora, o molho que é produzido em tachos de 10 mil litros é embalado sachê a sachê de 8 ml. Mudanças como essa já tornaram a produção mais lenta, quando começam a faltar insumos os atrasos ficam inevitáveis, afirma Otake.
<b>Delivery
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O que a Sakura enfrenta é um retrato do que toda a indústria brasileira tem vivido. Relatório da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostra que a falta de insumos para a produção no Estado não está normalizada. Materiais como aço e resinas continuam sofrendo reajustes de preços e devem ter o fornecimento normalizado no fim do ano, no caso das resinas, e n o primeiro trimestre de 2021, no caso do aço.
Para o papelão, o assessor de assuntos estratégicos da Fiesp, André Rebelo, diz que o crescimento do comércio eletrônico e do serviço de delivery aumentou significativamente a demanda. "Além da parada de produção do papelão na fase crítica da pandemia, há uma mudança estrutural na demanda."
Segundo ele, a desvalorização do real também encareceu a matéria prima das caixas de papelão, bem como do aço, resinas, alumínio e ferro. "Como a demanda está aquecida, o preço é repassado", explica. Rebelo pontua ainda que a diferença no câmbio impede que a indústria importe esses produtos para suprir suas necessidades. As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>