Estadão

Faltavam 4 minutos: o que mudou na seleção brasileira um ano depois da eliminação no Catar?

A bola estava no ataque do Brasil. A Croácia recuperou e avançou. Vlasic tocou para Orsic, que cruzou para Petkovic. O chute do croata desviou em Marquinhos, sem alcance para Alisson. Faltavam quatro minutos para acabar a prorrogação, que no momento era vencida pelo Brasil por 1 a 0. Os europeus levaram a decisão para os pênaltis e avançaram de fase em 9 de dezembro de 2022. Um ano depois da eliminação do Brasil na Copa do Mundo do Catar, a seleção brasileira ainda vive indefinições, tem desempenho questionável e não tem contado com um de seus principais jogadores.

A própria CBF ainda não tem definição certa sobre quem será o treinador. Fernando Diniz assumiu a equipe ao mesmo tempo em que comanda o Fluminense. Apesar de ser o técnico campeão da Copa Libertadores, a performance na seleção levou o time para o pior desempenho brasileiro em Eliminatórias na história recente.

No campo, a participação de Neymar tem sido cada vez menos decisiva, e agora mais rara, devido à uma lesão no joelho. A responsabilidade recai nos jovens Rodrygo e Vinicius Júnior. Apesar da boa fase dos dois, a seleção continua em dificuldades. O que de fato evoluiu em um ano depois da eliminação na última Copa do Mundo?

SAÍDA DE TITE E CHEGADA DE DINIZ
Independentemente do resultado da Copa do Mundo, Tite havia anunciado que deixaria o cargo de técnico da seleção brasileira. Entretanto, ao final do torneio, a CBF não tinha o substituto definitivo. Assim, Ramon Menezes assumiu interinamente. O técnico havia sido campeão do mundo sub-20 em 2019. Em três jogos, foram duas derrotas (para Marrocos e Senegal) e uma vitória sobre Guiné.

Depois, o cargo foi para Fernando Diniz, em julho deste ano. O treinador do Fluminense levou o clube carioca ao título da Libertadores, mas vive dificuldades na seleção. O esperado e dito por Ednaldo Rodrigues, então presidente da CBF e atualmente destituído, é que Carlo Ancelotti, treinador do Real Madrid, assumiria a equipe a partir da Copa América de 2024. Houve dois encontros entre as partes. No entanto, jornais espanhóis noticiaram nos últimos dias uma mudança no cenário: o treinador estaria próximo de uma renovação contratual com o time espanhol.

Segundo o jornal britânico <i>Daily Mirror</i>, o português José Mourinho, atualmente na Roma, estaria disposto a recusar propostas milionárias do futebol da Arábia Saudita por uma chance de treinar o Brasil a partir de 2024. Ele chegou a recomendar que Ancelotti ficasse no Real.

CAMISA 9?
Ainda que Richarlison tenha encantado com golaços na Copa, o Brasil ainda pena no ataque depois do torneio. O atacante do Tottenham vive má fase e sequer balançou as redes pela seleção desde o Mundial. Ele chegou a dar forte declaração sobre o momento que vive e citou problemas pessoais.

Esperança na Copa de 2018 e cortado na de 2022 por lesão, Gabriel Jesus retornou à seleção neste ano. No entanto, também não marcou. O atacante do Arsenal chegou a dizer que "fazer gols não é um dos seus pontos fortes".

Nas Eliminatórias, o Brasil venceu o Peru e empatou com a Venezuela com gols de zagueiros (Marquinhos e Gabriel Magalhães). Quando se olha os números do ataque, também é notório o problema no setor. A responsabilidade recai principalmente em Vini Jr. e Rodrygo, além de Neymar, que tem sido ausência por lesão.

Depois da Copa, foram nove jogos. O Brasil sofreu 14 gols e só passou ileso uma vez (contra o Peru). Na frente, foram marcados apenas 15.

COMEÇO DIFÍCIL NAS ELIMINATÓRIAS
Os jogos ruins levaram, claro, a resultados do mesmo nível. Isso fez com que o Brasil, em seis jogos, tenha apenas sete pontos, com duas vitórias, um empate e três derrotas. É o pior começo de Eliminatórias desde 1940.

Na "Era Tite", entre 2016 e 2022, o aproveitamento foi de 80,2%. Em 81 partidas, foram 60 vitórias, 15 empates e seis derrotas. Em todo esse tempo, a seleção sofreu apenas 30 gols e somou 52 jogos sem que adversários balançassem as redes. Perdeu, é claro, as partidas para Bélgica, em 2018, e para a Croácia, em 2022.

No ranking da Fifa, as derrotas atuais significaram a perda de duas posições e cair para o quinto lugar, a pior colocação desde agosto de 2016, quando o Brasil foi nono. No total, a seleção brasileira foi a segunda que mais perdeu pontos: -28,11.

FUTURO AINDA É PERMEADO POR DÚVIDAS
Diante de um cenário de piora depois da eliminação de 2022, a seleção brasileira tem na Copa América de 2024 o próximo desafio competitivo. Ainda não se sabe em que condições o Brasil vai disputar o torneio, com qual técnico, time titular, com ou sem Neymar.

O que é certo são os primeiros adversários. Colômbia, Paraguai e Honduras ou Costa Rica, que disputam uma repescagem, estarão no Grupo D, junto do Brasil. O Brasil estreia em 24 de junho contra a seleção ainda a ser definida no SoFi Stadium, em Inglewood, Califórnia.

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