Estadão

Família demite executivos e reassume comando do Roldão

Com a promessa de profissionalizar a gestão, o Roldão Atacadista contratou uma leva de executivos há cerca de um ano. O plano era melhorar a governança e investir um total de R$ 330 milhões nos 18 meses que se seguiriam. O dinheiro serviria para abrir 11 lojas e chegar a um faturamento de R$ 4,25 bilhões em 2021. Mas a tentativa de profissionalização parece não ter dado certo: nem o CEO contratado à época, Sérgio Leite, está mais no cargo.

A empresa confirma as substituições em massa. "Nesse processo de recomposição, além do pedido de desligamento do ex-presidente e da liderança comercial e de operações, optamos pela rescisão dos líderes das áreas de controladoria, RH, financeiro, marketing e jurídico", disse o atual CEO da companhia, Eduardo Roldão, em nota. O motivo, porém, não fica claro. "Entendemos que é comum ocorrer cortes estratégicos em processos de reformulação", afirmou.

<b>BASTIDORES</b>

Mesmo antes do anúncio da profissionalização, a empresa já era conhecida por muitas interferências da família e pouca retenção de executivos. Os sinais nesse sentido são muitos. A empresária Claudia Elisa, que havia sido escolhida para a presidência do conselho de administração da empresa no fim de 2020, já havia deixado o cargo em março deste ano – quem agora dá as cartas no conselho é o ex-CEO Ricardo Roldão, da família fundadora. Já o diretor financeiro, Gonzalo Morales, durou ainda menos. Contratado em março de 2021, foi dispensado em abril deste ano.

Outras saídas vieram em seguida: o CEO, Sergio Leite, e o diretor comercial, Rodrigo Silva Lima, pediram demissão em abril e maio deste ano, respectivamente. Os dois foram para o Assaí, rede de atacarejo do Grupo Casino – Leite como diretor de novos negócios e Lima como gerente da mesma área. Antes da passagem pelo Roldão, ambos atuavam em controladas do Casino: Leite no próprio Assaí e Lima, no Compre Bem.

<b>OCUPAÇÃO DOS CARGOS</b>

Nesse processo, Eduardo Roldão assumiu como CEO no início de maio, colocando a família de volta ao comando da companhia, que já contratou uma série de novos executivos. "Para substituir essas posições, contratamos Fatima Bonfim, para a vice-presidência administrativa; Daniel Maziero, para diretor de controladoria; Marcio Mendes, para diretor de operações e expansão; Thais Marques, como gerente jurídico; Denise Freitas, como gerente de RH; Tuca Sardinha para gerenciar a área de marketing, e Lilian Soler, como gerente de engenharia e manutenção", conta o presidente.

No entanto, os cargos de diretores financeiro e comercial, além da vice-presidência comercial, seguem em aberto.

Para especialistas ouvidos pela reportagem, é comum que empresas familiares que tentam a profissionalização voltem atrás. O envolvimento emocional com o negócio costuma criar dificuldade para acatar decisões dos gestores contratados. No caso do Roldão, a ânsia de expansão da família parece ter sido um dos pivôs da quebra com a gestão contratada. "Seguimos com os objetivos anteriormente divulgados: planejamento de expansão e, como qualquer empresa, aumentar nosso faturamento. Por isso, a reestruturação na área diretiva", disse o CEO.

Das cinco lojas que previa abrir ainda em 2021, o Roldão Atacadista havia aberto quatro até meados de dezembro, chegando a 39 estabelecimentos em São Paulo. "Vale ressaltar, contudo, que mantivemos o nosso quadro de mais de 5 mil colaboradores em nossas 39 unidades no Estado de São Paulo e geramos cerca de 800 novos empregos somente no último semestre de 2021 com a inauguração de quatro novas e modernas unidades em Salto, Itu, Jundiaí e Mogi Guaçu, no interior de São Paulo", disse o executivo, em nota à reportagem do <i>Estadão/Broadcast</i>.

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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