O Índice de Estoques (IE), calculado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), registrou queda de 12% em abril ante igual mês de 2014. Na comparação com março, a retração foi de 4,5%, o que levou o índice para 99,2 pontos. O indicador, que capta a percepção dos comerciantes da região metropolitana da capital paulista sobre o volume de mercadorias estocadas, varia de zero (inadequação total) a 200 pontos (adequação total) e em abril, portanto, entrou no campo predominantemente negativo.
Segundo a pesquisa, a queda do indicador em abril é resultado do aumento da proporção de empresários que acreditam ter estoques em excesso. A proporção de empresários que considera o seu estoque elevado demais é de 35,5%, o maior nível da série histórica, que começou em junho de 2011. A FecomercioSP destaca que, por outro lado, houve queda da proporção de empresários que consideram seus estoques abaixo do adequado. A proporção passou de 15,6% em março para 14,6% em abril.
Com os números de abril, a instituição descarta a possibilidade de que o ciclo de estoques esteja acabando. A hipótese chegou a ser considerada, devido aos resultados da janeiro e fevereiro. “Na realidade, (o ciclo de estoques) está longe de acabar e cada vez mais distante de uma solução”, diz a FecomercioSP, em nota. Além disso, a instituição avalia que os empresários terão que reajustar os estoques para baixo, em meio a um cenário de queda da confiança e de intensificação do processo de desaceleração da economia e das vendas no varejo.
A redução nas vendas decorre, em parte, de uma atitude mais “conservadora” dos consumidores, tendência que não deve ser revertida até que haja sinais de controle da inflação. “A queda nas vendas desanima os varejistas e torna o giro de estoques lento e custoso para as empresas”, diz a nota.
Para a assessoria econômica da FecomercioSP, o atual momento da economia brasileira é o pior em 20 anos. “Principalmente para o varejo, que se habituou às altas taxas de crescimento, motivadas pela nova classe média – exatamente o mesmo grupo da população mais atingido pela alta dos preços e desemprego”, dizem os técnicos da entidade. Este cenário limita as chances de uma recuperação em 2015, o que só ocorrerá quando os agentes econômicos forem convencidos que os ajustes políticos e macroeconômicos serão mesmo realizados no País, diz a assessoria econômica da instituição.