Economia

FGV: alívio em alimentos no IPC-S de janeiro surpreende e reforça desinflação

A desaceleração do grupo de alimentos no fim de janeiro no âmbito do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) surpreendeu o economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV). Isso porque, lembra, este conjunto de preços iniciou o mês passado em aceleração de 0,75%, após 0,44% em dezembro. Na segunda quadrissemana – últimos 30 dias encerrados no dia 15 -, o grupo atingiu 0,77%, ficou em 0,64% na terceira e diminuiu o ritmo de alta para 0,39% no término de janeiro.

De acordo com Braz, de certa forma, a alta no grupo resistiu até a terceira quadrissemana, mas depois desacelerou. Esse movimento, diz, deve ser o tom da inflação de alimentos este ano, ajudando no processo de desinflação para próximo ao centro da meta de 4,5%. “Mesmo em períodos de sazonalidade (desfavorável), as altas devem ser mais tímidas em relação a 2016”, estima, ao referir-se ao centro da meta de 4,5% estipulada para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Esta taxa está muito próxima da projeção da FGV para o IPC-S de 2017, de 4,6%.

Em janeiro, o IPC-S fechou com variação de 0,69%, depois de 0,33% em dezembro. A taxa ficou igual à registrada em janeiro de 2007 e é a menor para o mês em 11 anos, quando o indicador foi de 0,65%.

Conforme Braz, grande parte da pressão adveio dos gastos escolares, comuns nesta época do ano. Segundo a FGV, a taxa do grupo Educação, Leitura e Recreação ficou em 4,15%, após 0,95% em dezembro de 2016 e de 5,08% em janeiro de 2015. O resultado apurado no primeiro mês deste ano teve uma influência de alta de 0,13 ponto porcentual no IPC-S, conforme Braz. Ou seja, sem essa pressão, o IPC-S seria de 0,56% e não de 0,69%.

Para fevereiro, a expectativa de Braz é que os efeitos de alta do grupo Educação desapareçam, com a taxa praticamente zerando no período. Diante dessa estimativa e de novo alívio nos preços dos alimentos, a previsão da FGV é que o IPC-S termine este mês em torno de 0,45%, que é inferior à de 0,76% apurada em fevereiro de 2016. “Só Educação deve abrir espaço para a desaceleração. O grupo de alimentos também deve ajudar, assim como o de Transportes”, afirma. Ele acredita que os preços de combustíveis não deverão incomodar a inflação, após o recuo recente no diesel e na gasolina.

“Normalmente, a variação média do grupo Alimentação nesta época do ano fica perto de 1%. Agora, veio 0,39%. É um número positivo e sinaliza que as pressões estão diminuindo. Daqui para frente, teremos desafios pontuais, caso de administrados”, avalia. Ele estima que haverá alguns reajustes nas tarifas em energia elétrica e até mesmo em água e esgoto, como ocorrera este mês no Rio, onde a Cedae promoveu um aumento médio de 7%.

Aliás, por conta da expectativa de pressão de alta em energia e água, Braz espera que o grupo Habitação acelere o ritmo de elevação no fim deste mês. Em janeiro, este conjunto de preços atingiu 0,29%, depois de deflação de 0,67% em dezembro.

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