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FGV: importação de insumos pela agropecuária e indústria indica avanço adiante

O avanço nas importações de insumos e equipamentos pela agropecuária e pela indústria de transformação em junho sinaliza perspectivas de crescimento nessas atividades nos próximos meses, segundo os dados do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

A indústria de transformação aumentou em 46,9% o volume importado de bens intermediários em junho deste ano ante junho de 2020. A atividade industrial também importou 47,2% mais bens de capital em junho de 2021 ante junho de 2020. Se excluída a influência das plataformas de petróleo, ainda houve crescimento de 46,7% nas importações de máquinas e equipamentos pela indústria, o que indica investimentos no setor.

Na agropecuária, o volume de bens intermediários importados cresceu 22,9% em junho deste ano ante junho do ano passado. A importação de máquinas e equipamentos para o setor avançou 61,4% no período.

"Os ganhos de receitas nas exportações e previsões de uma demanda mundial em recuperação sugerem que o setor está se preparando para as novas safras que irão ser cultivadas para as vendas de 2022. Na indústria, aumento de 46,9% nas compras de bens intermediários e de 47,2% das máquinas sugere um sinal positivo em termos do nível de atividade do setor", justificou o Ibre/FGV, em nota oficial.

A importação de bens de consumo duráveis no País avançou 191,5%; a de bens de consumo não duráveis aumentou 46,4%; e a de bens de consumo semiduráveis subiu 5,3%.

"As elevadas taxas de variação no volume importado dos bens duráveis na indústria de transformação e similares ao das exportações é um indicativo do comércio intra-indústria do setor automotivo", explicou o Ibre/FGV.

O setor automotivo impulsionou o aumento na exportação de bens duráveis em junho. O mercado argentino absorveu 41% das exportações brasileiras de automóveis para passageiros no mês.

O volume de exportações de bens de consumo duráveis teve um salto de 191,4% em junho deste ano ante junho de 2020, enquanto o de bens de capital aumentou 39,7%. As exportações de bens de consumo semiduráveis cresceram 54,0%, e as de bens intermediários avançaram 8,0%, enquanto as de bens não duráveis subiram 3,2%.

Em junho, a balança comercial brasileira teve um superávit de US$ 10,4 bilhões. O volume exportado cresceu 9,8% em relação a junho de 2020, enquanto o volume importado aumentou 42,6%.

No acumulado de janeiro a junho de 2021, o superávit comercial foi de US$ 36,7 bilhões. O volume exportado aumentou 6,6%, e o importado cresceu 20,7%.

A China é o principal responsável pelo saldo positivo da balança comercial brasileira em 2021. O comércio com os chineses de janeiro a junho resultou num superávit de US$ 25,2 bilhões para o Brasil.

Já o comércio com os Estados Unidos de janeiro a junho levou a um déficit de US$ 3,1 bilhões para o Brasil. O Brasil também registrou déficits expressivos no comércio com a Alemanha (US$ 3,07 bilhões), Rússia (US$ 1,48 bilhões) e Índia (US$ 1,12 bilhões).

"Os bons resultados da balança comercial em 2021 reforçam tendências que passaram a ser estruturais no comércio brasileiro: a crescente dependência da China e das commodities. Para elevar a participação de outros países é necessário que o país ofereça, em bases competitivas, um leque maior de produtos no comércio mundial. Ressalta-se ainda que o aumento da participação da China é explicado mais pelos preços do que aumento do volume exportado, como iremos analisar", ressaltou a FGV, na nota do Icomex.

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