FGV: mercado de trabalho parou de piorar; melhora depende do ritmo da recuperação

A forte alta no Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp), de 14 pontos na passagem de maio para abril, informado mais cedo pela Fundação Getulio Vargas (FGV), aponta mais para uma "redução no pessimismo", num quadro que "parou de piorar", na avaliação de Rodolpho Tobler, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV). "O que temos analisado é que é uma redução do pessimismo, parou de piorar. Abril parece ter sido o pior momento", afirmou o pesquisador do Ibre/FGV.

No caso do IAEmp, que mede a percepção do empresariado em contratar mais ou menos funcionários a partir de uma combinação de séries extraídas das Sondagens da Indústria, de Serviços e do Consumidor da FGV, a parada na piora pode estar relacionada tanto ao fato de que o próprio ciclo da atividade econômica pode ter atingido o fundo do poço em abril quanto ao efeito das medidas emergências de manutenção de empregos lançadas pelo governo federal.

Por causa do segundo aspecto, Tobler alerta que o IAEmp poderá passar por novas rodadas de piora, indicando demissões por parte das empresas, em função do ritmo da recuperação da economia nos próximos meses. Se a velocidade da recuperação ratear, quando passarem os efeitos das medidas temporárias, as empresas poderão chegar à conclusão de que seus quadros de pessoal estão maiores do que o necessário para dar conta da demanda, e promoverem novas rodadas de demissões.

O ritmo da recuperação da economia nos próximos meses também ditará os rumos da percepção dos consumidores, medida pela FGV com o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD). O ICD caiu 2,2 pontos em junho ante maio, primeira queda após avançar 7,7 pontos no acumulado de março a maio.

Com 97,4 pontos em maio, o ICD está abaixo do pico, de 103,6 pontos, registrado em dezembro de 2016, quando a recessão de 2014 a 2016 chegava ao seu fundo do poço. Naquela ocasião, o mercado de trabalho foi piorando aos poucos, mês a mês.

Agora, segundo Tobler, a queda de junho parece ter sido uma "acomodação" após as altas de março a maio. Por isso, é difícil imaginar que haja uma "reversão de tendência" no movimento de alta do ICD. Se a velocidade da recuperação ratear, novas pioras do mercado de trabalho tenderão a elevar o desemprego, impactando negativamente a percepção dos consumidores.

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