O mês de outubro foi melhor para o varejo de veículos e materiais de construção, que vêm amargando resultados fracos em termos de vendas ao longo deste ano. Na Sondagem do Comércio deste mês, divulgada nesta segunda-feira, 27, hoje pela Fundação Getulio Vargas (FGV), a percepção sobre o momento atual desses dois segmentos melhorou, o que indica um início de quarto trimestre mais favorável.
A confiança do comércio subiu 1,6% em outubro, após queda de 2,6% em setembro, de acordo com a série com ajuste sazonal experimental – até o momento, a instituição divulga oficialmente apenas dados trimestrais interanuais. A melhora deste mês se deu por causa de uma alta de 5,5% no Índice de Situação Atual (ISA) e um aumento de 1,8% no Índice de Expectativas (IE).
“Houve melhora, mas a melhora foi mais localizada no presente, em outubro, do que nas expectativas. Então, tem essa questão de não haver muita empolgação com as vendas do setor no final do ano”, ponderou o superintendente ajunto de Ciclos Econômicos da Fundação Getulio Vargas (FGV), Aloisio Campelo.
No caso de veículos e materiais de construção, a alta é ainda mais concentrada no ISA, já que as expectativas seguem em queda. Segundo Campelo, diante da volatilidade dos últimos meses, os empresários podem estar avaliando os negócios de olho no número de dias úteis em cada mês. “Mas ainda é insuficiente porque as expectativas não estão melhorando”, destacou.
Já no varejo restrito, a percepção sobe a situação piorou levemente, enquanto as expectativas se mantiveram estáveis. Em comparações trimestrais interanuais, os setores de hipermercados e supermercados e de alimentos, bebidas e fumos registraram piora na confiança. “O resultado do varejo restrito não é favorável em relação à percepção sobre outubro”, disse Campelo.
O enfraquecimento do consumo das famílias, juros elevados, esgotamento dos estímulos ao consumo e o menor acesso ao crédito são os fatores que estão por trás do mau desempenho do comércio, afirmou o superintendente. Recentemente, o repique da inflação de alimentos também pode contribuir para desacelerar as vendas em supermercados e outros segmentos ligados à alimentação. Diante dos sinais de menor consumo, este também deve ser um ano com menor abertura de vagas temporárias no fim do ano, apontou Campelo.
“O setor entrou em 2014 em uma fase de desaceleração que ainda não acabou”, sentenciou. De acordo com a FGV, tem ganhado força nos últimos meses a percepção de demanda insuficiente (24,3% das empresas) e custo de mão-de-obra elevado (17,5%).
“Há uma melhora no Icom, que interrompe período de quedas, uma boa notícia. Segunda boa notícia é que essa melhora ocorre nos segmentos que vinham sofrendo mais, mas a má notícia é que isso não parece se sustentar nas expectativas. O índice parece ter piorado mais do que a real situação, e agora há uma calibragem. Mas não é algo sustentável. As expectativas não estão otimistas, pelo contrário. O setor não está vislumbrando melhora até o fim do ano”, avaliou Campelo, que espera crescimento de 3% no volume de vendas do varejo restrito em 2014.