O fluxo cambial está positivo em US$ 762 milhões em março até o dia 20, informou nesta terça-feira, 24, o chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Fernando Rocha. O resultado é fruto de entradas de US$ 1,038 bilhão da área financeira descontados de saídas de US$ 276 milhões do segmento comercial. Dentro da conta financeira, foram registradas compras de US$ 39,679 bilhões e vendas de US$ 38,641 bilhões.
Na área comercial, as importações somaram US$ 9,268 bilhões e as exportações, US$ 8,991 bilhões. Dentro das vendas externas estão US$ 1,609 bilhão de Adiantamento de Contrato de Crédito (ACC), US$ 1,577 bilhão de Pagamento Antecipado (PA) e US$ 5,805 bilhões de demais operações.
Rocha informou também que o resultado positivo do fluxo fez com que a posição vendida dos bancos reduzisse de US$ 25,868 bilhões em fevereiro para US$ 25,185 bilhões em 20 de março.
Transações correntes
Ainda de acordo com Rocha, a autoridade monetária revisou a projeção do déficit em transações correntes em US$ 3 bilhões como consequência da piora da economia brasileira. “O caráter mais cíclico dos fluxos em transações correntes é bastante ligado ao nível de atividade econômica do País, dado que os passivos externos são muito mais vinculados a investimentos do que a dívidas”, explicou. Ou seja: como esses fluxos estão vinculados a investimentos precisam da recuperação da atividade econômica.
Além disso, Rocha afirmou que o dólar mais caro faz com que o retorno dos investimentos em moeda nacional fique menos atrativo para a remessa de lucros e dividendos. Esses dois fatores fizeram com que o BC diminuísse a projeção de envio de lucros e dividendos em US$ 2 bilhões, de US$ 26,5 bilhões para US$ 24,5 bilhões. Houve redução também no déficit estimado para a conta de serviço, que inclui viagens, de US$ 51,6 bilhões para US$ 47,5 bilhões.
Por outro lado, o BC revisou a projeção de superávit da balança comercial de US$ 6 bilhões para US$ 4 bilhões. Rocha afirmou que, embora tenha diminuído a expectativa de superávit, o número continua melhor do que o resultado do ano passado, quando as importações superaram as exportações em US$ 4 bilhões.
A redução na projeção do déficit esperado nas transações correntes se deve também pela revisão da autoridade monetária em relação aos gastos com o aluguel de equipamentos. Essa rubrica está muito ligada à indústria extrativa mineral, que tem a Petrobras como o principal player do mercado no Brasil.
Em dezembro, o BC estimava que as despesas com aluguel de equipamentos em 2015 chegaria a US$ 25,5 bilhões. Hoje, revisou esse número para US$ 23,5 bilhões. Se concretizada a projeção, os gastos com aluguel de equipamentos neste ano será um pouco maior do que os registrados em 2014 (US$ 22,7 bilhões).
Rocha confirmou que a redução do déficit esperado para a rubrica de aluguel de equipamentos ocorre em função da menor atividade no setor de petróleo e gás.
Lava Jato
O chefe-adjunto do BC afirmou ainda que as empresas brasileiras não estão tendo dificuldade de captar recursos mesmo em meio às investigações da Operação Lava Jato, que apura corrupção na Petrobras. “Embora possam ocorrer desdobramentos futuros, não temos observado nenhum dificuldade em captar no mercado internacional”, afirmou o economista do BC.
No entanto, a parcial da taxa de rolagem dos empréstimos de longo e médio prazos para o País, até o dia 20 de março, foi de 95% (em fevereiro, a taxa foi de 97%). A parcial para a rolagem de papeis ficou em 62% (em fevereiro, a taxa foi de 36%) e para empréstimos diretos, de 100% (em fevereiro, foi de 115%).