Durante a Cúpula do Clima, realizada nesta terça-feira, 23, na sede da ONU, em Nova York, governos e instituições financeiras anunciaram que mobilizarão US$ 200 bilhões até o fim de 2015 para o Fundo Verde para o Clima, criado para incentivar programas de baixa emissão de carbono dos países em desenvolvimento.
“É um passo importante para catalisar um acordo em 2015. Mas não basta se comprometer a financiar, apenas. É como dar esmola: você desembolsa um valor para poder dar as costas ao problema real. Seria mais importante estabelecer políticas reais de sustentabilidade”, afirma o coordenador do Núcleo de Apoio a Pesquisa em Mudanças Climáticas da USP, Tercio Ambrizzi.
Durante o encontro, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, divulgou uma ordem executiva com o objetivo de reduzir as emissões de carbono e combater as alterações climáticas. Ela exige que as agências federais incorporem a “resiliência climática” em seus planos de ação no exterior. Além disso, convida as entidades privadas dos Estados Unidos a ajudar as nações mais pobres a resolver seus problemas de emissões: “Ninguém pode ficar de fora, nem países desenvolvidos nem países em desenvolvimento”, disse Obama.
Um dos maiores entraves aos avanços nas discussões climáticas, segundo Ambrizzi, é o embate em relação às responsabilidades. “Não podemos ficar eternamente discutindo se os países desenvolvidos devem assumir mais responsabilidades por serem historicamente os maiores poluidores. É preciso inovar nos métodos e pensar em algo como um mecanismo de desenvolvimento limpo global.”
Na opinião do especialista, a Cúpula do Clima não pode ser considerada um fracasso, mesmo com a participação pouco comprometida de alguns dos principais países envolvidos com as mudanças climáticas (como Brasil, Estados Unidos, China e Índia).
O evento, que reuniu mais de 120 chefes de Estado, foi convocado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para subsidiar a 21ª Conferência do Clima (COP-21), em Paris, na França, em janeiro de 2015, onde será definido o novo acordo do clima, que substituirá o Protocolo de Kyoto.
De acordo com Ambrizzi, a realização do encontro em Nova York pode trazer impactos positivos para a COP-21 que acontecerá em 2015 em Paris. “Embora nenhum dos principais países tenha se comprometido com metas e projetos concretos, a participação da maior parte dos governos e de empresas mostrou que há uma disposição muito maior que anos atrás para discutir os temas. Tudo indica que a reunião de Paris ao menos não será tão desastrosa como a de Copenhague (na Dinamarca, em 2009).”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.