O ministro da Agricultura, Neri Geller, informou na tarde desta terça-feira, 18, que a retomada das exportações de carne bovina para a China deve ocorrer na primeira quinzena de dezembro. Ele relatou detalhes da viagem que fez na semana passada ao país asiático, afirmando que conseguiu destravar o processo já que a liberação das importações havia sido anunciada em julho pelo governo chinês.
“Fomos a Pequim para consolidar (a suspensão do embargo) e não ficar só no discurso sobre a questão da abertura de mercado”, disse.
A China proibiu a importação de carne brasileira em 2012. O Brasil exportou apenas US$ 74,87 milhões em carne bovina para o país naquele ano. Agora, o ministro fala em até US$ 1 bilhão na corrente exportadora com a reabertura de mercado. “É um mercado promissor e temos um potencial de aumentar as exportação para China de US$ 700 milhões a US$ 1 bilhão por ano”, calculou
Segundo Geller, o governo chinês também autorizou a liberação de dez plantas industriais como exportadores credenciados e será a partir destes frigoríficos que a carne brasileira chegará à China. Ele, no entanto, disse que só na primeira semana de dezembro serão conhecidas as unidades das empresas credenciadas. “Essas plantas podem aumentar o investimento e o consumo de milho para sair para o mercado internacional com o valor agregado”, comemorou.
O ministro minimizou eventuais impactos do aumento das exportações de carne na inflação no momento em que preço da proteína animal tem pesado no bolso do consumidor brasileiro. “A questão de inflação pode aumentar um pouquinho, mas não vai pesar muito não”, avaliou. “Não tempos preocupação com relação a isso”, disse.
Apesar da previsão otimista, Geller reconheceu que para o mercado interno “o preço pode num primeiro momento aumentar um pouco”. Mas ele apontou a capacidade dos frigoríficos de aumentar a produção como saída para o efeito inflacionário que um aumento nas vendas à China pode trazer. “O governo tem de fazer a sua parte de viabilizar isso no longo prazo”, indicou.
De acordo com o ministro, o Brasil tem rebanho bovino para atender às exportações no médio prazo e os frigoríficos podem realizar novos investimentos, com acesso a linhas de financiamento do governo federal. “Esse potencial de crescimento é muito bom. Se houver demanda, a oferta se constrói com facilidade. Nenhum país tem esse potencial”, afirmou.
Geller também comentou a possibilidade de a Austrália aumentar as exportações para China. Ele disse que os australianos estão chegando ao limite de sua capacidade produtiva, o que impõe restrições a um aumento consistente de atender o gigante asiático, que hoje importa cerca de 50% da carne bovina que consome da Austrália. “Se a Austrália se concentrar na China eles automaticamente vão deixar de abastecer outros países. Nós temos de nos apresentar (ao mercado internacional)”, considerou.