O ex-ministro e ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro (PT-RS) defendeu nesta segunda-feira, 18, a realização de novas eleições gerais. A proposta, segundo ele, dependeria de uma ampla discussão envolvendo as lideranças políticas do País e seria uma alternativa para evitar um mandato sem legitimidade do vice-presidente Michel Temer, na visão dele.
“O que deveria ser feito hoje é as forças políticas buscarem acordo para que, no caso de o poder judiciário não tomar uma decisão que modifique esse processo, fazer eleições gerais. Vamos convir, se a oposição considera que a presidente Dilma não tem legitimidade para governar, o vice-presidente tem menos do que ela”, afirmou.
“O bom seria se transformássemos as eleições de novembro em eleições gerais. Mas sabemos que isso só se dá por acordo”, disse, após classificar de “perfeitamente possível” a realização de novas eleições.
Mas, diante de uma eventual inviabilidade de conseguir aprovar uma eleição geral, com a mudança de senadores e deputados, por exemplo, Genro sugeriu outra proposta. “Então pode ser um acordo para eleger o presidente”.
A maior preocupação, na visão de Genro, é a não realização de uma nova eleição. “Acho muito ruim para o País ter dois anos e meio de um presidente sem legitimidade para governar, que não tenha vindo das urnas. Isso pode gerar uma crise social e política mais aguda do que essa que estamos vivendo”, alertou.
O ex-ministro destacou que o vice e seu partido, o PMDB, permaneceram no governo federal até o momento em que o processo de impeachment ganhou força e resultou na votação ocorrida ontem. “(O partido, PMDB) tem tantos compromissos com coisas boas quanto com as coisas ruins (do governo). Então, tem escassa legitimidade”, completou.
Antes de falar sobre o processo que pode resultar no afastamento da presidente Dilma Rousseff, Genro fez uma ampla explanação sobre propostas de mudança do sistema político nacional. E salientou que para isso poderia ser proposto um projeto de emenda constitucional. Para tanto, novamente seria necessária a identificação de uma proposta negociada por lideranças políticas.
“Se for para estabilizar a posse do vice, seria melhor para o País convocar eleições, até com a concordância dele. Certamente, jurista que ele é, vai reconhecer que sua legitimidade é escassa para terminar o mandato”, disse Genro em referência a Temer. O ex-ministro participou hoje do fórum “Desafios ao Estado de Direito na América Latina – Independência Judicial e Corrupção”, promovido pela FGV Direito SP, pelo Bingham Centre for the Rule of Law (Londres) e pelo escritório global de advocacia Jones Day.