O Ministério de Minas e Energia (MME) assinou nesta terça-feira, 15, os primeiros contratos com empresas e institutos de pesquisas para dar início ao programa de geração de energia por meio de painéis solares flutuadores, que serão instalados sobre o lago de usinas hidrelétricas.
O projeto, que foi revelado em março pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, terá início com a participação das estatais Eletronorte e Chesf, que pertencem ao Grupo Eletrobras, com as primeiras plantas-piloto instaladas nos reservatórios das usinas de Sobradinho (BA) e Balbina (AM). As entidades que participarão do projeto são Sunlution, WEG, Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da UFPE (Fade), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Fundação de Apoio Rio Solimões (Unisol) e Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Os projetos, segundo o MME, serão realizados com recursos destinados a ações de Pesquisa & Desenvolvimento pelas empresas, com previsão de investimentos de R$ 100 milhões – R$ 49,964 milhões da Eletronorte e R$ 49,942 milhões da Chesf – em ações previstas até janeiro de 2019, para gerar 10 megawatts de energia elétrica.
Será o primeiro estudo sobre a instalação usina solar flutuante instalado no lago de usinas hidrelétricas no Brasil. A energia gerada pelos painéis pode complementar a base hidrelétrica das usinas, aproveitando a estrutura de transmissão já instalada para escoar a energia hidrelétrica e evitando novos investimentos.
O cronograma de implantação e pesquisa prevê o início da execução dos projetos em 29 de janeiro de 2016 em Balbina e 1 de fevereiro de 2016 em Sobradinho. O encerramento do projeto e apresentação dos resultados estão previstos para janeiro de 2019.
Localizado no Rio São Francisco, na Bahia, o lago de Sobradinho é o maior do País em área alagada e o segundo maior em capacidade de armazenamento. No Amazonas, os painéis serão instalados na barragem de Balbina, hidrelétrica que gera pouquíssima energia por meio de suas turbinas, mas que também é dona de um dos maiores lagos artificiais do Brasil. A partir das represas dessas hidrelétricas, os painéis flutuantes serão conectados diretamente às subestações de energia das usinas, o que simplifica o processo e reduz custos.
Apesar de o Brasil ser um dos países mais ensolarados do mundo, a geração de energia através de painéis fotovoltaicos sempre foi tratada como um bicho estranho pelo setor elétrico. No fim do ano passado, porém, essa situação começou a mudar, quando um leilão de energia realizado pelo governo contratou, de uma só vez, 31 usinas solares. Foi a primeira vez que o governo comprou exclusivamente energia solar.
Das 31 plantas de geração de energia solar previstas para serem construídas nos próximos anos, 14 serão erguidas na Bahia. Ao todo, a capacidade total negociada no leilão foi de 1.048 MW. Neste ano, novos leilões de geração devem contratar mais projetos solares.
Estudos feitos pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apontam que o uso pleno do potencial solar do País poderia gerar até 287 mil gigawatts-hora por ano somente no ambiente residencial. Isso equivale a mais de duas vezes o consumo residencial de energia contabilizado atualmente.