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Gravação mostra pai disposto a manter guarda de Bernardo

A gravação de uma audiência de conciliação feita em fevereiro deste ano revela que o menino Bernardo Boldrini foi ao fórum de Três Passos, no noroeste do Rio Grande do Sul, pedir para mudar de casa e que o pai, o médico Leandro Boldrini, mostrou-se disposto a manter a guarda do filho. Diante da manifestação do médico, a Justiça deu 90 dias para a reconciliação familiar, com a concordância do Ministério Público. Em abril, antes de o prazo se esgotar, Bernardo foi encontrado morto. Depois da investigação policial, o Ministério Público acusou o pai, a madrasta, Graciele Ugulini, e os irmãos Edelvânia e Evandro Wirganovicz de terem tramado ou participado do crime. Todos estão presos e são réus de processo na Justiça.

O áudio, resgatado pelos peritos do telefone do próprio Leandro, foi exibido pelos veículos do Grupo RBS e pela TV Bandeirantes nesta terça-feira, 09. Participaram da audiência o médico, uma advogada dele, o juiz Fernando Vieira dos Santos e a promotora Dinamárcia Maciel de Oliveira.

Logo no início, ao explicar a convocação que fizera aos demais, o juiz revela surpresa por ter sido procurado por Bernardo, então com dez anos, no Fórum. “É uma coisa que nunca tinha me acontecido”, diz. Ao longo da conversa, relata suas percepções, em frases como “acho que ele se sente esgotado”, “ele se sente desvinculado afetivamente” e “é aquela situação de abandono afetivo” e, dirigindo-se ao médico, pergunta o que ele acha das alternativas de o garoto morar com um casal vizinho, que o acolhia quase diariamente, ou com a avó materna, que mora em Santa Maria.

“Eu acho que esse guri deve ficar na minha casa, como meu filho, como uma coisa natural”, responde Leandro, em atitude que contribuiu para a autorização para a tentativa de reconciliação. Vizinhos narraram posteriormente que o acordo havia deixado Bernardo muito feliz.

Na mesma conversa com o juiz, o médico reconhece a amizade do casal de vizinhos, e revela que a mãe de Bernardo, Odilaine, que se suicidou em 2010, “não tinha um relacionamento saudável” com a mãe dela e avó do menino. Questionado, o médico afirma que a alternativa de Bernardo ir morar com a avó seria a pior das alternativas.

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