Opinião

Guarulhense abre mão de maior representatividade


Por mais que os setores organizados da sociedade se mobilizaram em defesa dos candidatos guarulhenses, os eleitores da cidade – neste domingo – em sua maioria deram de ombros para a necessidade do município ter uma representação à altura na Assembleia Legislativa e na Congresso Nacional. Mais de 60% dos votos válidos foram despejados em candidatos forasteiros, sem compromisso algum com Guarulhos.


Desta forma, os eleitores daqui (e ninguém mais do que eles) decidiram ter apenas dois deputados realmente da cidade, ambos do PT. Muitíssimo bem votado, Alencar Santana ocupa o lugar que era de Almeida como deputado estadual e Janete Pietá permanece como federal. Por mais que Jorge Tadeu (DEM) tenha um domicílio eleitoral em Guarulhos, o resultado das urnas praticamente o libera de representar a cidade. Afinal, ficou apenas com 2,17% dos votos válidos do município, sendo eleito com votos de outros locais do Estado.


Ao dar ao nada recomendado Tiririca 9,47% de votos, quase a mesma porcentagem que conquistou Carlos Roberto (PSDB), que teve 9,74% dos votos válidos do município, os guarulhenses demonstraram não ter muito interesse no desenvolvimento de Guarulhos. Como esperar que esse sujeito possa levar a Brasília qualquer pleito do município? Como poder cobrar dele alguma postura decente em relação a projetos de relevância à população? Impossível. E pior: não se pode cobrar nada dele pelo simples fato dele ter sido honesto durante toda a campanha. Foi candidato sem saber porquê, não tem a mínima ideia do que fará no Congresso Nacional e está pouco se importando com os interesses e anseios populares.


Por tudo isso, tirando o PT que parece seguir à risca a cartilha determinada, no uso da máquina pública municipal para a manutenção do poder, os demais partidos precisam tirar várias lições desses resultados. A oposição, numa análise imediata, parece sair enfraquecida pelo fato dos dois candidatos com maiores chances de combater a situação em 2012 não terem se elegido. Carlos Roberto como federal e Alan Neto como estadual apenas ficaram nas suplências de suas coligações, com poucas chances de assumir as cadeiras na próxima legislatura. Com os mandatos, teriam maiores condições de enfrentar a continuidade petista. Sem os cargos nas mãos, porém, não estão mortos, apesar de terem um caminho mais tortuoso a seguir.


Pelo lado do PT, só felicidade. O prefeito Sebastião Almeida (PT), que até aqui enfrentou vários problemas e denúncias, consegue um certo fortalecimento e respira no cargo, já que seu braço direito Alencar foi melhor votado que Janete, habilitando-se para a sucessão municipal em 2016 ou mesmo em 2012 no caso do atual chefe não tentar a reeleição, algo pouco provável.


A opção de ter pouca representatividade – repita-se – foi uma decisão dos guarulhenses. E, por causa disso, toda uma cidade, a segunda maior e mais importante do Estado, acaba penalizada. Passa da hora de, quem tem interesse neste jogo político, repensar seus conceitos.

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