Estadão

Hammond Trio de Delvon Lamarr abre festival heroico do Bourbon Street

A travessia foi longa e devastadora. Incluiu o fechamento urgente por sobrevivência, como tudo no planeta, em março de 2020; um suspiro de vida em outubro, com um show de Nuno Mindelis; uma segunda suspensão em dezembro; algumas breves reaberturas em janeiro de 2021 e uma lenta retomada em maio, quando outras casas já haviam sucumbido. Edgard Radesca, dono do Bourbon Street, chegou a anunciar ao Estadão que jogaria a toalha se as coisas seguissem como estavam. A reportagem sensibilizou amigos e familiares, que o socorreram financeiramente, e Radesca saiu em busca de mais ajuda, adquirindo empréstimos em seis bancos e contando com alguns projetos da Lei Aldir Blanc. "Era isso ou fechar. E desistir não está na minha natureza", diz ele.

A travessia foi longa e devastadora. Incluiu o fechamento urgente por sobrevivência, como tudo no planeta, em março de 2020; um suspiro de vida em outubro, com um show de Nuno Mindelis; uma segunda suspensão em dezembro; algumas breves reaberturas em janeiro de 2021 e uma lenta retomada em maio, quando outras casas já haviam sucumbido. Edgard Radesca, dono do Bourbon Street, chegou a anunciar ao Estadão que jogaria a toalha se as coisas seguissem como estavam. A reportagem sensibilizou amigos e familiares, que o socorreram financeiramente, e Radesca saiu em busca de mais ajuda, adquirindo empréstimos em seis bancos e contando com alguns projetos da Lei Aldir Blanc. "Era isso ou fechar. E desistir não está na minha natureza", diz ele.

Talvez não tenha sido a ideia de Radesca, mas o fato de seu festival ter dois frontmen atrás das teclas aponta para um tempo sempre revisto e renovado nesse universo sem fim. O Hammond no Brasil teve protagonismo pontual, nunca sobrepondo-se ao reinado dos pianistas. Com Djalma Ferreira ele foi aos bailes e com Lafayette Coelho, ungiu a Jovem Guarda. Ed Lincoln inventou um gênero, o sambalanço, e Eumir Deodato e Walter Wanderley o colocaram na bossa e no jazz brasileiro. Criado em 1935 pelo norte-americano Laurens Hammond para elevar os fiéis ao reino dos céus, o Hammond, gospel por natureza, acabou elevando também as almas profanas do blues, do funk, do soul, do jazz, do fusion e do rock dos anos 70.

O trio de Delvon Lamarr cria uma sonoridade hipnótica reforçada por sua mão esquerda, de onde saem as linhas de baixo. Os Hammond Trio nunca têm baixistas. Delvon desenha um pouco ao <b>Estadão</b>. "O órgão faz o papel de cantor e a guitarra dá um impulso percussivo junto ao baixo do Hammond, algo que fará você querer pular. Chamamos isso de feel good music". Sobre origens, ele diz: "Muitos lugares pequenos contratavam trios de órgão porque eles podiam preencher o espaço com um som de big band. Era bem mais barato." Estar sentado em seu lugar, sem um baixista ao lado, é ter mais poder: "A música fica mais espontânea e posso fazer coisas repentinas que não seria possível com mais músicos. Sou o motorista tomando a decisão de ir para qualquer destino."

SERVIÇO:

Delvon Lamarr

Organista de Seattle, segue a tradição dos Hammond Trios. Muito groove e

suingue ao lado da guitarra de Jimmy James e da bateria de Dan Weiss.

Quarta, 10, às 21h. R$ 75

Joe Cleary

Mais solar, ele tem também um pé no soul e no R&B. Seus shows são uma alegria, uma festa da alma.

Amanhã, às 21h. R$ 75

Gary Brown

Saxofonista é um showman. Domingo, às 21h, R$ 75

Obs: É bom chegar por volta das 20h, 20h30. Os shows começam mesmo às 21h. E a carteira de vacinação é obrigatória na entrada. O Bourbon fica na Rua Dos Chanés, 127 – Moema. O tel para informações é 5095-6100 e o WhatsApp para reservas (somente texto) é +5511 9 7060-0113

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