O cenário internacional avesso ao risco impôs um pregão de baixas na bolsa brasileira nesta terça-feira, 23. Sob essa influência, o Índice Bovespa chegou a cair 1,83% pela manhã, mas absorveu boa parte dos ajustes e terminou o dia em baixa mais amena, de 0,35%, aos 85.300,03 pontos.
Os mercados internacionais refletiram um conjunto de preocupações ao longo do dia, desde a crise orçamentária na Itália até a tensão geopolítica envolvendo a Arábia Saudita. Também continuaram como focos de preocupação as questões relacionadas à desaceleração da economia chinesa e à política monetária dos Estados Unidos. Assim, as bolsas da Europa e dos Estados Unidos amargaram perdas, enquanto a procura por títulos do Tesouro dos Estados Unidos aumentou, dada a busca dos investidores por ativos conservadores.
À tarde, as bolsas de Nova York se afastaram das mínimas, abrindo espaço para uma melhora nos mercados emergentes e principalmente no Brasil. Por aqui, a realização de lucros recentes conviveu com questões internas que acabaram por amenizar pressões negativas. O cenário eleitoral manteve-se como fator de otimismo e a expectativa pela divulgação de resultados corporativos trimestrais foi positiva para a maioria dos papéis. A recente desaceleração do dólar e alguns indicadores econômicos positivos também foram pontos observados.
“O IPCA-15 (0,58%) veio um pouco abaixo do esperado e reforçou a possibilidade de manutenção da taxa Selic por um prazo mais prolongado. Da mesma forma, a criação de empregos (indicada pelo Caged) também veio melhor que as estimativas”, disse Vítor Suzaki, analista da Lerosa Investimentos.
A consolidação desse cenário mais positivo pode vir dos balanços que se iniciam nesta semana. Para esta quarta-feira (24), estão previstos os resultados da Vale, Fibria e Via Varejo. De acordo com o Prévias Broadcast, a Vale deverá reportar lucro líquido próximo de US$ 1,91 bilhão, com baixa de 15% ante o mesmo período do ano passado. Vale ON terminou o dia em queda de 2,78%, com influência das preocupações com a China. Já a maior alta do Ibovespa ficou com as units da Via Varejo (+9,92%). Fibria ON subiu 0,25%.
As ações da Petrobras foram influência negativa no desempenho do Ibovespa. Com quedas superiores a 4% nos preços do petróleo, Petrobras ON e PN caíram 1,88% e 1,24%, respectivamente. Por outro lado, os papéis do setor financeiro subiram em bloco e foram o principal fator de desaceleração das perdas do dia.