Economia

Ibovespa recua 1,49% com exterior e sinais de crescimento econômico lento

O Índice Bovespa operou em terreno negativo durante praticamente toda a sessão de negócios desta quinta-feira, 3, e fechou em queda de 1,49%, aos 83.288,14 pontos. Foi o terceiro pregão consecutivo de perdas do índice, que teve influências internas e externas ao longo do dia. Em meio à volatilidade das bolsas de Nova York, os investidores repercutiram novos indícios de que a recuperação da economia brasileira será mais lenta que o esperado.

Os principais fatores do mau humor vieram pela manhã, com resultados aquém das estimativas. A produção industrial caiu 0,1% em março ante fevereiro, resultado que ficou dentro do intervalo das expectativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, mas abaixo da mediana das previsões, de alta de 0,50%. Os balanços corporativos também decepcionaram, tendo como destaques Ultrapar e Cielo. Os dois papéis lideraram as perdas do Ibovespa, com -10,16% e -6,20%, depois de anunciarem seus resultados financeiros do primeiro trimestre.

Lá fora, também houve mau humor com balanços e com indicadores econômicos. O dado de encomendas à indústria dos Estados Unidos apontou alta de 1,6% em março ante fevereiro, contra previsão de alta de 1,4%. O número acima do previsto reforçou apostas em um aperto monetário mais forte, um dia após a decisão de política monetária do Federal Reserve. Em Nova York, as bolsas alternaram altas e baixas ao longo de todo o dia.

“Como um todo, a bolsa está precificando um crescimento econômico muito aquém do inicialmente projetado”, disse Glauco Legat, analista da Spinelli Corretora. O profissional ressalta o alto grau de imprevisibilidade do cenário doméstico, principalmente no lado eleitoral, o que torna difícil prever os caminhos para o mercado.

Com o cenário doméstico fragilizado por questões econômicas e eleitorais, as blue chips foram as mais penalizadas pelo movimento de aversão ao risco visto hoje no exterior. Por conta da liquidez elevada e da “gordura” que ainda têm a queimar, papéis do setor financeiro, grupo de maior peso na composição do Ibovespa, foram destaque de queda. Entre eles, Banco do Brasil ON, foi a maior desvalorização (-2,83%).

As ações do setor siderúrgico também estiveram entre as quedas mais expressivas do dia. Os papéis refletiram a aceitação pelo Brasil do sistema de cotas para exportação de aço imposto pelos Estados Unidos. CSN ON caiu 3,70% e Usiminas recuou 2,22%. Beneficiada pelas operações em solo americano, Gerdau PN foi na contramão e subiu 1,54%, a maior alta do Ibovespa. Das 66 ações do índice, aliás, somente 5 terminaram o dia com ganhos.

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