Estadão

Ibovespa se ajusta a ganho de NY na sexta, enquanto monitora cenário político

Na volta do feriado paulista, o Ibovespa se ajusta aos recordes das bolsas americanas na sexta-feira (9) e que voltaram a marcar máximas inéditas na abertura do pregão desta segunda-feira, 12, caso do S&P 500 e do Nasdaq. No entanto, a alta externa é moderada, o que pode limitar a valorização do índice Bovespa. Além disso, a crescente tensão política é outro vetor que pode incomodar o investidor da B3, com novos depoimentos à CPI da Covid, em meio às denúncias de irregularidades na compra de vacinas pelo governo federal. Às 10h38, contudo, o Ibovespa subia 0,69%, aos 126.96,02 pontos. Na quinta-feira, havia fechado em queda de 1,25%, aos 125.427,77 pontos.

O viés negativo externo reflete uma gama de incertezas, principalmente a que envolve a variante delta do coronavírus e seus possíveis impactos sobre a recuperação econômica mundial. Neste ambiente de preocupação, a China, que divulga dados de atividade esta semana, reduziu o compulsório bancário em meio ponto porcentual na sexta, para tentar impulsionar a economia.

A medida, avalia o economista Carlos Lopes, do BV, acontece num contexto em que o mundo parece um pouco mais preocupado com a variante delta e com o ritmo de recuperação da atividade econômica. "As surpresas que o mercado vinha recebendo diminuíram bastante na margem. O mercado deixou de ser surpreendido positivamente, na China, até com algumas decepções. Isso justificaria um estimulo adicional chinês", afirma análise matinal enviada a clientes e à imprensa.

Outro fator de cautela nos mercados internacionais é em relação à temporada de balanços do segundo trimestre, que começa nesta semana nos EUA com o setor financeiro, enquanto hoje a agenda externa tem poucas divulgações que podem influenciar os negócios.

A queda do petróleo no exterior, em meio ao impasse da Opep+ sobre os planos de produção nos próximos meses, provoca queda das ações da Petrobras. E às 10h41, os papéis cediam 0,51% (PN) e recuavam 0,28% (ON). Em contrapartida, o minério de ferro fechou com alta de 1,43%, no porto chinês de Qingdao, a US$ 217,85 a tonelada, o que ajuda a impulsionar ações do setor metálico na Bolsa brasileira. "É um dia de aversão a risco praticamente controlada", completa Lopes. Em Nova York, depois das máximas da abertura, prevalecia o viés de baixa na maioria das bolsas.

"Vimos ao longo da última semana uma preocupação com a variante delta que afastou os investidores das bolsas. Além disso, há efeitos do cenário doméstico, que tem ficado bastante complicado por conta de muita turbulência no ambiente político e os investidores e empresários seguem discutindo a reforma tributária", avalia Pietra Guerra, especialista de ações da Clear Corretora, em nota.

Porém, a ascensão das preocupações políticas pode limitar recuperação firme dos ativos domésticos hoje, enquanto a CPI da Covid ganha ainda mais relevância após o avanço da tensão em Brasília. Tanto que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, deve autorizar, amanhã, a prorrogação da Comissão por mais 90 dias.

Atritos do presidente Jair Bolsonaro com os demais Poderes e piora da sua popularidade podem gerar cautela no mercado, em meio à onda de denúncias. A CPI da Covid no Senado tentará nesta semana avançar nas investigações das suspeitas de corrupção que envolvem a compra das vacinas da Covaxin e da AstraZeneca.

A Comissão Mista de Orçamento (CMO) deve fazer hoje a leitura e votação do relatório preliminar da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Se a LDO não for aprovada em plenário até o dia 17 de julho, o recesso formal – entre 17 e 31 de julho – terá que ser suspenso.

Em tempo: no dia 7 deste mês, houve entrada de investimento externo de R$ 434,766 milhões na B3.

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