Economia

Ilan afirma que perseguirá centro da meta da inflação

O novo presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, defendeu nesta segunda-feira, 13, o regime de metas para a inflação e afirmou que irá perseguir o centro da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). De acordo com ele, os limites de tolerância a esse alvo central devem ser utilizados apenas para acomodar choques inesperados na dinâmica de preços. Realizou-se hoje a cerimônia de sua posse no BC.

“Terei como objetivo cumprir plenamente a meta de inflação determinada pelo CMN, mirando o seu ponto central. Os limites de tolerância servem para acomodar choques imprevistos que não permitam retorno ao centro da meta em tempo hábil”, discursou. “O único alvo a ser perseguido é o centro do intervalo”, enfatizou.

Goldfajn avaliou ainda que é importante realizar um trabalho de gerenciamento de expectativas que indique no presente a convergência para o centro da meta em um futuro não muito distante. “É relevante que a trajetória de convergência seja ao mesmo tempo desafiadora e crível. A comunicação do BC com a sociedade precisa ser simples, direta e concisa. A comunicação precisa também deixar claras as condições necessárias para as perspectivas apresentadas”, completou.

O País adota o regime de metas de inflação desde 1999 e o novo presidente do BC lembrou de sua passagem pela instituição entre 2000 e 2003, período em que ocupou a diretoria de Política Econômica. “Participei da implementação do regime no País e conheço não só seu princípio, como o seu funcionamento. O regime de metas de inflação é um robusto arcabouço de política monetária que já provou sua eficácia mesmo em cenários de estresse no Brasil e no mundo”, acrescentou.

Goldfajn avaliou que assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda, mantendo a inflação baixa e estável, cria condições para a recuperação do crescimento sustentável necessário para o progresso social do País. “Inflação baixa é um bem público da maior relevância que foi conquistado pelo País há 20 anos. Ninguém quer de volta ou admite retorno a um período de inflação alta”, afirmou.

Para o novo presidente do BC, não há crescimento sustentável e bem-estar social duradouro sem uma inflação baixa e estável. “A literatura econômica já refutou o falacioso dilema entre inflação baixa e crescimento econômico. Uma inflação alta desorganiza a economia e inibe o investimento e o consumo. A sociedade é mais justa com um menor imposto inflacionário”, concluiu.

Autonomia

Goldfajn disse que o governo de Michel Temer se comprometeu a mandar ao Congresso uma projeto de emenda à Constituição para garantir “autonomia operacional ou técnica” ao BC, como requisito para a retirada da condição de ministro ao presidente da instituição. A discussão sobre a autonomia do BC está sendo liderada, segundo ele, pelo ministro da Fazenda e ex-presidente do BC, Henrique Meirelles.

“Não se trata de ambição ou desejo pessoal, mas de medida que beneficia a sociedade mediante à redução das expectativas de inflação, da queda do risco país e da melhora da confiança, todas essenciais para a retomada do crescimento de forma sustentada”, afirmou Ilan na cerimônia de posse nesta segunda.

Goldfajn disse que trabalhará para aprimorar a atuação de supervisão do BC de forma a garantir que o sistema financeiro continue sólido e bem capitalizado. Também disse que se esforçará para corrigir distorções e melhorar a eficiência do sistema bancário, com a simplificação de regras. “Vamos aprimorar continuamente a regulação e fiscalização para bancos públicos e privados”, disse.

O novo presidente do BC repetiu a análise que fez do cenário internacional na sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. “O período de ventos favoráveis na economia global ficou no passado e a era de juros nulos ou negativos está perto de seu fim, pelo menos nos EUA”, disse.

Sobre a economia nacional, disse que a situação econômica exige grande atenção. “Atravessamos a pior recessão da história brasileira, com desemprego em alta e relevante desafio fiscal”, discursou. “A incerteza econômica paralisou o investimento e sequestrou a esperança de muitos”, completou. Ele afirmou ter “absoluta confiança” na reversão do atual quadro interno.

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