Estadão

Intenção de comunicado era espelhar consenso com porta aberta para corte, diz Campos Neto

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quinta-feira, 29, que a intenção original do Comitê de Política Monetária (Copom) era passar a mensagem de porta aberta para o corte de juros já no comunicado da semana passada. Ele admitiu, no entanto, que houve interpretações diferentes no mercado financeiro.

"A intenção do comunicado era espelhar um consenso, deixando a porta aberta, mas algumas interpretações entenderam que a porta não estava aberta. Nenhuma ata ou comunicado é perfeito, a gente se esforça, mas quando há uma situação de Copom dividido sobre o que comunicar é mais difícil", argumentou o presidente do BC, no dia que a autoridade monetária divulgou o Relatório Trimestral de Inflação (RTI).

Campos Neto não quis adiantar sobre se o uso da palavra "parcimônia" na comunicação diz respeito aos próximos passos do Copom, ou sobre todo o ciclo de redução de juros que se avizinha.

Ele também se esquivou de comentar a precificação do mercado de juros entre o comunicado e a ata.

<b>Taxa neutra de juros</b>

O presidente do Banco Central disse ainda que a taxa neutra de juros, que não gera nem inflação e nem desinflação, idealmente deve ser a mais baixa possível. Segundo ele, há um debate em todo o mundo se a pandemia desestabilizou ou mudou estruturalmente a taxa neutra.

Na terça-feira, 27, o Copom informou na ata da última reunião que a projeção do BC para a taxa neutra brasileira aumentou de 4,0% para 4,5% ao ano.

"A taxa neutra é importante, é como se fosse um guia para ver que nível de juros se pode ter para gerar inflação ou desinflação. A taxa neutra subir significa que você terá uma taxa de equilíbrio mais alta. Mas, lembrando que ainda temos uma taxa nominal e uma taxa real ainda muito alta. A taxa neutra não é determinante do que faremos no curto prazo", respondeu Campos Neto.

O presidente do Banco Central negou ainda que o aumento da estimativa da taxa neutra no Brasil signifique que o Copom será mais conservador em um ciclo de redução de juros. "Não é uma coisa que afete a nossa decisão no dia a dia. O mercado enxerga uma taxa de juros neutra inclusive maior que a nossa", respondeu.

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