Estadão

Juros avançam acompanhando reação dos Treasuries e do dólar à ata do Fed

Os juros futuros terminaram a quarta-feira em alta, com dinâmica ainda atrelada ao exterior, mais especificamente ao movimento dos Treasuries e à leitura da ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). As taxas estiveram em alta durante todo o dia, mas com alguma volatilidade após a publicação do documento, que endossou a percepção de postura "hawkish" do banco central americano na condução do processo de aperto monetário. O cenário doméstico ficou mais uma vez em segundo plano. O IGP-DI de março mostrou taxa acima do consenso de mercado, mas a expectativa maior dos agentes na semana é pelo IPCA.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a sessão regular em 12,75%, de 12,721% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2024 subiu de 12,00% para 12,10%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 11,44%, de 11,335% na terça. A do DI para janeiro de 2027 avançou a 11,205%, de 11,085%.

O mercado já amanheceu arisco, com dados fracos da economia China acentuando as preocupações com a estagflação global, por sua vez já instauradas pela postura do Fed quanto ao aperto na taxa de juros para domar os preços, o que pode vir a enfraquecer a atividade nos Estados Unidos. A falta de perspectiva para o conflito no Leste Europeu em meio a mais sanções contra a Rússia reforça esse viés, na medida em que mantém pressionada a oferta de commodities.

Nem mesmo a virada dos preços do petróleo para baixo, no fim da manhã, foi capaz de desviar os juros da trajetória ascendente. A avaliação nas mesas de operação é de que a curva local passa por um processo de realização de lucros, depois da forte queima de prêmios na semana passada a partir do câmbio. Assim como nos DIs, o câmbio nesta quarta também teve movimento de correção, que levou o dólar de volta a R$ 4,71. A taxa da T-Note de dez anos chegou a superar 2,60% no intraday.

Lael Brainard, dirigente do Fed considerada "dovish", na terça, já tinha de certa forma preparado o espírito do mercado para receber uma ata mais dura. Num primeiro momento, logo que saiu o documento, aos DIs chegaram a desacelerar pontualmente o avanço, mas retomaram o fôlego na sequência. Flávio Serrano, economista-chefe da Greenbay Investimentos, afirma que a ata indicou ser bastante provável não só um, mas dois ou três aumentos de 50 pontos-base no juro americano.

"Na questão da redução do balanço, os valores vieram próximos do teto de mais ou menos US$ 100 bilhões que o mercado trabalhava", explicou. Segundo a ata, os dirigentes veem os limites mensais de cerca de US$ 60 bilhões para títulos do Tesouro e cerca de US$ 35 bilhões para os MBS como apropriados, assim como dar início ao processo após a reunião de maio.

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